Coisas que me fizeram perceber que estou velha

maio 03, 2022

Eu sei, a maioria das pessoas que está a ler isto (maioria, leia-se, três) está a pensar "mas tu não estás velha". Certo, e a verdade é que ir trabalhar todos os dias me ajuda a acreditar nisso porque continuo, ocasionalmente, a ser confundida com os estudantes, mas a verdade é que eu estou quase nos trinta e em crise de meia idade pelo menos desde os 25. Porquê? Por isto.

O uso de quase mesmo agora

Dizer "quase" quando ainda tenho mais de oito meses até aos trinta é capaz de ser sinónimo de envelhecimento. É que este é o tipo de linguagem que a minha mãe usa: "olha que já são quase duas tarde", para me acordar ao fim de semana; "tens quase trinta anos e ainda não *inserir todas as coisas que são esperadas de pessoas quase nos trinta*", que oiço desde os 25.

Julgar os gostos dos mais novos

A expressão "no meu tempo" nunca fez tanto sentido como agora. Porque no meu tempo é que se ouvia música boa (a ver se agora há uma banda moldava no top nacional?), no meu tempo é que se comia bem, no meu tempo é que as crianças tinham uma boa infância. Ou, em alternativa (que é, geralmente, o que significa o "ou"), faço uso de "esta geração", normalmente para fins depreciativos porque, convenhamos, a geração seguinte é sempre pior que a anterior. 

Concertos? Sim, mas sentada

Eu adoro ir a concertos. A minha mãe diz que é das poucas coisas em que gasto dinheiro. Eu diria que é das poucas em que não me importo de o gastar. Mas de há uns anos para cá (sobretudo depois de três horas no coliseu de Lisboa a ver o David Fonseca) que aprendi a minha lição e opto por bilhetes para lugares sentados, a menos que não faça sentido. Mas eu sou uma pessoa da música deprimente, por isso, faz sempre sentido.

Não consigo fazer noitadas 

Hoje em dia, são onze da noite e eu estou a morrer. A menos que seja domingo. Aí, o meu cérebro acha por bem ficar acordado até altas horas da madrugada para garantir que eu apareço com a pior cara possível no trabalho à segunda-feira. 

Preciso de descansar 

Quem me conhece diria que isto não é da idade, mas antes um problema genético. Não estão enganados, mas a idade deixou-me (ainda) mais cansada. Lembro-me de uma vez em que a banda onde estava (não perguntem, a sério) tinha atuação no domingo de Páscoa. Fui, cheguei a casa depois das duas da manhã, às sete estava a apanhar o comboio para Lisboa, fiz oito horas de trabalho e, depois disso, ainda fui à Luz ver o Benfica. Escusado será dizer que não voltei a repetir.

Cabelos brancos

A quantidade de pessoas da minha idade que me diz que ainda não tem cabelos brancos é irritantemente grande. É que eu vi o primeiro com 18 e, nos 11 anos que se passaram desde aí, tenho vindo a comprovar que arrancar um dá origem a sete novos. Se vou continuar a arrancar? Claro, até que não haja outro remédio senão pintar. 

Bebés e casamentos

Eu sou a favor de casamentos, sobretudo se não tiver de conduzir depois deles, mas ter as redes sociais repletas deles e de bebés tornou-se a novo normal de há quatro anos para cá. Eu continuo sem entender o casamento ou a paternidade antes dos trinta (ou depois, vá).

Esqueço-me da minha idade

Quantas vezes é que alguém me pergunta a idade e eu tenho de fazer contas mentais para não me enganar? Ora, nasci em 1993, noves fora nada, portanto tenho 29. 

Vinho

Eu passei anos a não entender o fascínio do vinho, até o achava nojento. Agora acho ridículo ir jantar fora e pedir outra coisa que não isso. Espero que, eventualmente, me aconteça o mesmo com a cerveja, porque me ficava muito mais barato.

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