Séries de 2017: o melhor, o pior e o resto

séries dezembro 30, 2017
Ninguém me pediu nada, mas como eu gosto de antever certas questões (e, neste caso, também respostas) faço já um apanhado das séries deste ano que passou. Dividi isto em categorias para ser menos desinteressante (não sei se posso considerar essa missão cumprida mas pelo menos tentei).


Séries "sim senhor"

The Handmaid's Tale

Vencedora do emmy de melhor série (e, se houver justiça, do globo de ouro), apresento-vos a melhor série do ano. Já falei dela e portanto há poucas coisas a acrescentar. Quem não viu, faça o favor.

Mr Robot

Há poucas séries que conseguem manter a qualidade anos após ano e esta é uma delas. Para mim, a melhor série da actualidade e certamente uma das mais bem escritas de sempre com interpretações fenomenais. A principal diferença entre esta e as outras duas temporadas talvez seja a falta de mistério uma vez que na 3.ª temporada tudo nos é explicado ao contrário do que aconteceu nas outras duas. Se isto é bom ou mau ainda não decidi.

This Is Us

Há uma razão para as séries produzidas por canais de televisão perderem audiências para aquelas produzidas por empresas como a netflix: a péssima qualidade. This Is Us traz-nos algo completamente diferente. É um regresso ao básico; uma história, à partida, sem grandes pontos de interesse mas que, por ser tão bem escrita, se torna numa das candidatas a tudo quanto é prémio.

Berlin Station

Já no ano passado falei nela e, apesar de os primeiros episódios da segunda temporada não me terem convencido totalmente, acabou por vir aqui parar novamente. A história é diferente daquela que nos é apresentada na primeira temporada mas acaba por não ficar nada atrás.

Fortitude

Para mim esta foi a grande surpresa do ano. Tinha visto a 1.ª temporada há pouco tempo na RTP2 por acaso e quando vi que tinha saído a 2.ª decidi dar continuidade à coisa. Excelente decisão. Há uma cena do episódio 9 (se a memória não me falha) que ainda não me saiu da cabeça de tão perturbadora que foi.

Séries "mais valia ter acabado no ano passado (ou há 5 anos)"

Designated Survivor

É um facto que eu disse maravilhas sobre esta série no ano passado. Tinha tudo o que eu precisava: mistério, acção e um enredo interessante sem ser demasiado complexo ao ponto de ninguém perceber nada. A 1.ª temporada acabou como devia acabar e a segunda decorre como não devia decorrer. A série deixou de ter uma narrativa corrente para passar a uma espécie de policial em que cada episódio corresponde uma coisa diferente. Obrigada pela destruição.

The Big Bang Theory

TBBT perdeu a piada há anos. Como é que continua a ser renovada? Não sei, mas eu continuo a ver sabendo que me vou rir com umas duas piadas por temporada.

The Affair

The Affair nunca foi uma série fantástica e as personagens sempre me irritaram mas o mistério estava lá. Agora só está a irritação que é cada vez maior.

American Horror Story

A cada temporada de AHS eu renovo a esperança de que esta seja aquela que vai estar ao nível da segunda. Nunca acontece. Palhaços que matam, pessoas malucas, eleições norte-americanas... Foi tudo em excesso e o episódio do Zodiac foi o cúmulo do ridículo a que a série chegou.

Séries "muita parra e pouca uva"

13 Reasons Why

Isto é capaz de ser a série mais sobrevalorizada dos últimos tempo. Uma miúda que se suicida e deixa cassetes aos amigos a dizer-lhes as razões pelas quais ela o fez. Estamos episódios sem fim à espera da grande razão enquanto vemos coisas pelas quais já toda a gente passou. É demais. 

Big Little Lies

Sou provavelmente a única pessoa a achar isto mas Big Little Lies ficou bem aquém do que me haviam prometido. A determinada altura eu já sabia que o marido da Nicole Kidman tinha violado a outra e adivinhar que tinha sido ele a morrer também não foi difícil. Não vi o mistério nem o drama fantástico. 

Mindhunter

Quando vi o falatório criado à volta desta série decidi ir investigar. A história do início da análise de comportamento no FBI atraiu-me logo. Quando vi que tinha o dedo do David Fincher meti logo a sacar. Afinal ele dirigiu o Zodiac, que é dos meus filmes preferidos, o Se7en e o Gone Girl. Toda a gente dizia que a série ficava melhor e mais misteriosa com o passar dos episódios. Vi tudo e ainda estou à espera disso. Não é que seja má, mas não correspondeu às expectativas.

Séries "só vi mesmo o pilot e ia falecendo de tédio"

Todos os anos eu selecciono um conjunto de pilots para ver. Geralmente são aqueles cujas histórias me parecem ter potencial ou os que incluem actores que eu conheço. Comecemos por Young Sheldon, o spin off the The Big Bang Theory. Isto tinha tudo para correr muito mal e correu mesmo. Vi dois episódios e, apesar de o miúdo que faz de Sheldon ser incrível, não me ri uma única vez. 

Passemos a The Deuce que parece ser uma daquelas séries demasiado boas para mim. O elenco, liderado pelo James Franco e pela Maggie Gyllenhaal, é muito bom. Aliás, foi isso que me fez dar uma oportunidade à série. Mas 1 hora e meia de primeiro episódio deu cabo de mim e fez com que desistisse logo daquilo. Talvez ainda lhe dê uma oportunidade quando tiver menos episódios em atraso.

A seguir tenho para vós três séries bastante desinteressantes e praticamente iguais. Comecemos com SWAT que, surpresa, nos conta a história de um grupo de pessoas que trabalha nisto mesmo. Depois temos The Brave que é pessoal do exército e que me fez adormecer ainda o episódio não ia a meio. Por fim temos Valor que fala de mais pessoal do exército mas mete ali um bocadinho de mistério. Imaginação precisa-se. 

Saindo do mundo das séries norte-americanas, apresento-vos Rellik, uma série da BBC. Rellik é killer escrito ao contrário e a premissa para o enredo é exactamente essa: a história de uma assassino contada ao contrário. É possível que ter visto isto sem legendas (com preguiça de procurar umas boas) tenha contribuído para a desistência precoce, mas a verdade é que eu prefiro que me contem histórias pela ordem correcta.

Por último tenho as piadas da temporada. Ghosted é uma espécie de Supernatural mas ainda pior. Não cheguei a perceber se era a gozar ou se era mesmo a sério. São dois homens que de repente vão caçar fantasmas (pelo menos os 10 minutos que vi davam a entender isto mesmo). E, por fim, Lore que é definida como "com formato de antologia, a produção é baseada num podcast que relata histórias paranormais supostamente reais, que deram origem aos mitos e lendas dos dias atuais". Isto tinha tudo para dar certo, mas há demasiados desenhos animados no meio. 

Uma questão de civismo

chocolate dezembro 26, 2017
Agora que já estamos todos no processo de digestão dos quilos de comida que enfardámos nos dias 24 e 25, parece-me a altura certa para falar de um dos maiores flagelos desta altura do ano: pessoas que não desmontam ferrero rocher. 

Um estudo realizado por mim ao longo de vários anos conclui que há três formas de comer ferrero rocher: comer camada a camada, trincar aquilo a meio e meter tudo de uma vez na boca. Somos três cá em casa e cada um come ferrero de uma maneira. Escusado será dizer que eu sou a única civilizada que vai desmontado o chocolate como ele merece.

Neste momento há pessoas a ler isto (sabe-se lá porquê) e a pensar: "epa que estupidez". Não é. Desmontar ferrero rocher é uma obra de arte apenas ao alcance dos melhores. 


Começamos com aquela parte que é uma espécie de mixórdia do que vem a seguir porque não é tão doce como o chocolate do interior mas também não chega a ser palha como o que encontramos de seguida. Conseguir tirar tudo sem romper a camada seguinte requer anos de prática.

Essa camada produz o mesmo efeito daqueles copos de gelado ou sumo de limão (ou seja lá o que aquilo for) que dão nos casamentos entre o prato da carne e do peixe: ninguém, à excepção da minha mãe, gosta daquilo e nem chegamos a perceber porque é que existe, mas até dá jeito para cortar o sabor. 

Avançamos para uma bola de nutella com uma avelã inteira lá dentro. As opiniões aqui divergem já que há quem coma aquilo de uma vez e há quem vá saboreando até ficar com uma avelã meia mole na boca. Eu costumo variar. 

Depois disto, espero que quem não desmonta ferreros esteja a fazer um exame de consciência para perceber onde falhou como ser humano. Já diz aquele ditado que ensinou grande parte das pessoas a conjugar verbos no futuro pronominal: diz-me como comes ferreros, dir-te-ei quem és. 

Embrulhos de natal

natal dezembro 21, 2017
Eu na caixa para pagar:

Funcionária: "É para oferecer?"

Eu: Sim.

Funcionária: Quer que embrulhe?

Eu: (olho para a fila e vejo que não está ninguém) Se não se importar...

Funcionária: Com certeza. (agrafa o saco três vezes) Aqui tem. Feliz Natal!

Cheguei a casa, tive mais trabalho a abrir o saco por causa dos agrafos e ainda fui embrulhar (a sério) o presente. Para quê isto? 

Letras com nota artística #10 - "All I Want For Christmas Is You"

letras dezembro 16, 2017
Meus caros, hoje venho criar polémica (que é para isso que a internet serve) à volta de um dos maiores hits natalícios de sempre. Uma música de amor que afinal não é assim tão amorosa.


"I don't want a lot for Christmas
There is just one thing I need
I don't care about the presents
Underneath the Christmas tree
I just want you for my own
More than you could ever know
Make my wish come true
All I want for Christmas is you, oooh

I don't want a lot for Christmas
There is just one thing I need
I don't care about the presents
Underneath the Christmas tree
I don't need to hang my stocking
There upon the fireplace
Santa Claus won't make me happy
With a toy on Christmas Day

I just want you for my own
More than you could ever know
Make my wish come true
All I want for Christmas is you (you, baby)

Oh, I won't ask for much this Christmas
I won't even wish for snow
I'm just going to keep on waiting
Underneath the mistletoe
I won't make a list and send it
To the North Pole for Saint Nick
I won't even stay awake to
Hear those magic reindeer click

'Cause I just want you here tonight
Holding on to me so tight
What more can I do?
Baby, all I want for Christmas is you (you, baby)

Oh, all the lights are shining
So brightly everywhere
And the sound of children's
Laughter fills the air
And everyone is singing
I hear those sleigh bells ringing
Santa, won't you bring me the one I really need?
Won't you please bring my baby to me?

Oh, I don't want a lot for Christmas
This is all I'm asking for
I just want to see my baby
Standing right outside my door

Oh, I just want you for my own
More than you could ever know
Make my wish come true
Baby, all I want for Christmas is...

Youuuu
You, baby
Youuuu
All, all, all, all
Youuuu"

Como não pretendo de todo chatear ninguém com uma análise cansativa (e porque não tenho muito a dizer) vou focar-me em dois versos chave: "I don't want a lot for Christmas" e "all I want for Christmas is you". 

Mariah Carey começa por dizer que não quer muito neste natal e depois repete várias vezes ao longo da música que quer determinada pessoa. Já toda a gente percebeu onde é que eu quero chegar com isto, certo?

Isto das análises a letras de músicas de natal está a tornar-se uma tradição por aqui. Para quem quiser ver as análises dos últimos dois anos, é aqui: Last Christmas e Santa Claus Is Coming To Town.

Sonhos de vida

frio dezembro 06, 2017
Ir na rua e ser abordada por um jornalista que me pergunta se tenho frio quando estão 2º C. A minha resposta seria qualquer coisa como:

"Olhe, por acaso não. Sucede que tenho todas as minhas t-shirts e calções sujos porque a minha máquina de lavar roupa está avariada, por isso tive de ir ao fundo do armário buscar aquela camisola e calças bem quentes que comprei quando fui à Rússia. O casaco foi só para completar o outfit".

Aí ele questionava-me sobre o facto de eu estar a usar botas, gorro, luvas e cachecol, e eu:

"As minhas sandálias estragaram-se ontem e ainda fui ali à Seaside ver se encontrava umas novas mas só havia botas portanto a modos que trouxe isto. Em relação ao cachecol, gorro e luvas, foram uma prenda da minha tia no natal passado e como vou jantar a casa dela hoje achei por bem usá-los para ela não pensar que eu não gostei da prenda".

Era isto e perguntarem-me prognósticos para um jogo do Benfica só para ter o prazer de dizer: "acho que vai ficar 3 a 0, hat trick do Eliseu".

Aparelhos contra natura

dezembro 04, 2017
Ando há meses a dizer que preciso de comprar um telemóvel novo. Ando há esses mesmos meses a procurar o candidato ideal. Há várias razões pelas quais ainda não me livrei do meu pequeno smartphone (muito pouco smart, diga-se), mas a principal é mesmo não encontrar nenhum com as características ideias. Não falo das características internas porque não percebo nada de tecnologia nem uso dou grande uso ao telemóvel. O que me incomoda é o exterior que isto de se ser bonito por dentro é tudo conversa.

O meu telemóvel actual tem 10 centímetros de altura. É uma raridade. Hoje em dia não há nenhum com menos de 15. Ora, eu tenho calças com bolsos pequenos e é somente por isso que ainda não comprei um novo smartphone (na esperança que seja mais smart que o actual). 

Notem que os computadores são cada vez mais pequenos e os telemóveis cada vez maiores. Qualquer dia temos de comprar uma mala de computador só para transportar o telemóvel. Houve aí um ano em que toda a gente tinha um tablet (menos eu, que nunca lhe vi utilidade nenhuma a não ser jogar candy crush nas aulas) o que se provou um péssimo investimento porque hoje em dia temos um aparelho do mesmo tamanho, com as mesmas funcionalidades e que ainda dá para fazer chamadas (que é aquilo que já ninguém faz com o telemóvel).

Quem quiser contribuir para este meu investimento que farei muito contrariada, faça o favor de me contactar e terei todo o gosto em dar-vos o meu NIB.

Citemos Xutos correctamente

letras novembro 30, 2017
Há variadas coisas que me enervam e tiram o sono e hoje pretendo vir aqui esclarecer duas delas. Claro que o mote para tal é a morte do Zé Pedro dos Xutos. Sobre isso, apraz-me apenas dizer que o único concerto que vi dos Xutos foi este verão. Na verdade andei anos a tentar assistir a um mas nunca calhou. Foi o melhor concerto a que assisti? Claro que não, mas os Xutos têm aquele poder de agradar a gente de todas as idades e géneros, o que sempre me fascinou.

Passando à parte que interessa (até porque a minha opinião sobre música ou qualquer outra coisa vale pouco mais que nada), vamos lá ver se faço serviço público.

Canta-se em "Tudo p'ra ti Maria" o seguinte: 

"De Bragança a Lisboa
São 9 Horas de distância
Queria ter um avião
P'ra lá ir mais amiúde"

Ninguém quer ir a lado nenhum "mais a miúda" e, no entanto, 90% das pessoas insistem neste ponto. O que o Tim deseja é ter um avião para ir mais vezes a Lisboa sem demorar 9 horas desde Braga. Viram? Corrigi um dos mais épicos erros dados pelos portugueses e ainda ensinei a quem não sabia o significado de amiúde. É uma pena não haver a categoria "serviço público" nos blogs do ano.

Passemos ao segundo erro grave que tenho detectado. Canta-se em "A minha casinha":

"Meu Deus como é bom morar
No modesto primeiro andar
A contar vindo do céu."

Atenção a isto: o rés do primeiro andar não é nada. No máximo seria o rés-do-chão e ainda assim não faria sentido porque o rés-do-chão a contar vindo do céu não existe (ou é o chamado rooftop?). 

Problemas com a falta de água de que ninguém fala

novembro 21, 2017
Há muito, muito tempo (quem pensou que eu ia citar José Cid que se acuse), num país chamado Portugal, chovia. Não chovia regularmente como em Inglaterra, mas chovia quando era espectável. O ano dividia-se em quatro partes: duas com sol e duas com frio e chuva. Eu ainda vivi nesse tempo, o que prova que eu estou bem mais velha do que a minha mentalidade indica.

Tudo isto vem a propósito da minha indignação com os noticiários em altura de seca. Toda a gente fala das barragens e da comida para os animais mas não há uma estação de televisão que fale sobre a dor de quem tem de regar o jardim em pleno outono. É que isto de ter jardim é muito bonito mas dá trabalho. 

Começa tudo com a plantação. Se não são entendidos como eu nisto da jardinagem, têm aqui uma boa oportunidade para aprender com quem realmente sabe das coisas. Plantar pequenas porções de relva é chato e não dá frutos durante bastante tempo. Há uns anos tive obras cá em casa e parte do jardim ficou destruído. Como fui eu a plantar essa secção, ainda hoje está meio defeituosa com mais terra à vista do que devia.

Uma vez  plantado, e necessário encontrar as bugigangas certas para o enfeitar. Há quem opte por sapos, pela branca de neve e os sete anões, por pedras ou outras coisas inúteis. Eu tenho candeeiros no jardim. Além de não serem donos de qualquer tipo de beleza, são completamente inúteis. Inúteis tal qual as pedras que fazem uma espécie de passeio deficiente que ninguém usa porque pisar a relva é mais agradável.

Chegada a hora de escolher as plantas e árvores para um jardim, a maioria das pessoas escolhe mal. Palmeiras são uma péssima ideia e ainda ninguém (pelo menos aqui na zona) se apercebeu disso. É que aquilo cresce. Muito. E as raízes também crescem e dão cabo de muros. É desagradável.

Mas o maior problema é a água. Animais sem comida e barragens sem água são o quê comparado com este meu problema? Só se indigna com estas coisas quem nunca perdeu horas de vida a regar o jardim. Sim, horas. E isto funciona por fases:

1. Pensamos para connosco que regar o jardim é uma óptima ideia para descontrair depois de um dia menos bom, observar a natureza e pensar um bocado;

2. Logo a seguir ligamos a mangueira e molhamo-nos todos. Lá se vai a descontracção;

3. Já todos molhados, puxamos a mangueira para o outro lado do jardim. Deixa de correr água. Olhamos para trás e vemos que a mangueira está toda enrolada. Tentamos desenrolá-la mas rapidamente percebemos que temos de voltar atrás para fazer isso manualmente;

4. Uma vez desenrolada a mangueira, reparamos que mesmo assim não corre muita água. A mangueira está rota e não há solução possível no momento;

5. Percebemos que vamos ter de trabalhar com uma mangueira aleijada e puxamos mais um bocado. Não dá para puxar mais e ainda nos falta meio jardim;

6. Começamos a fazer gestos estranhos com a mangueira e a mandar água aos soluços para a parte que nos falta regar;

7. Quando nada resulta, aceitamos a derrota, arrumamos tudo e vamos para casa a resmungar enquanto pensamos na roupa que vamos vestir depois de termos molhado a nossa.

Reza a lenda que amanhã chove. É uma lenda contada pelo IPMA portanto é de duvidar, mas espero que seja verdade porque eu já não tenho nada para vestir que não esteja encharcado. 

Todos os polícias deviam ter um renault clio

novembro 15, 2017
Não sei se já tiveram oportunidade de se informarem sobre a mulher que foi morta acidentalmente pela PSP. Eu, como gosto de ser uma pessoa bem informada, decidi abrir o site que mais detalhes nos dá sobre todos os crimes que ocorrem no nosso país: o do CM.

Vi a notícia durante o Jornal da Uma e pensei imediatamente numa solução para que isto não se torne a repetir: arranjar um renault clio para todos os agentes da PSP. É natural que algumas pessoas questionem esta solução mas garanto-vos, por experiência própria, que dá resultados. 

Eu tenho um carro desse mesmo modelo (o meu pai é que tem mas dispensa-mo de vez em quando) e também tenho uma péssima orientação geográfica. Acontece que meio país tem um carro parecido ou igual e distinguir qual é o meu no meio das multidões levou a que eu decorasse a matrícula para não me acontecer o que muitas vezes acontece à minha mãe que é tentar abrir a porta do primeiro renault clio branco que vê.

Haverá pessoas a ler isto (sabe-se lá porquê) ainda cépticas quanto a esta solução perfeitamente viável. Ora, a fazer fé no que diz o CM, os agentes da PSP perseguiram os assaltantes do multibanco desde Almada até à rotunda do relógio. Isto perfaz 15 quilómetros. 15 quilómetros em que nenhum dos agentes parou para pensar "epa olha que se calhar até nem era má ideia decorar a matrícula do carro que estamos a perseguir para o caso de o perdemos de vista". Isto aconteceria caso se adoptasse a minha solução. A pessoa que tem um renault clio já está programada para decorar, pelo menos, as letras que fazem parte da matrícula.

Incomoda-me também que os agentes tenham perdido os assaltantes de vista. Portanto eles saíram na rotunda em direcção ao aeroporto e, como aquilo já não é tão a direito como a segunda circular, decidiram assinalar o caminho que percorriam com disparos a fazer lembrar o caminho da igreja ao restaurante, num casamento. Aquilo foi uma oferenda dos bandidos para que não os perdessem de vista e ainda assim não funcionou. 

Às vezes as pessoas perguntam-me o que é que eu faço nos meus tempos livres. Essencialmente é pensar sobre estas coisas. 

Agora vai ser sempre a descer

humor novembro 11, 2017
Ontem dormi francamente mal, por isso, quando me levantei estava longe de imaginar que um dia que começou mal ia acabar tão bem. Eu sabia que ia acabar bem, afinal ia ver o Ricardo Araújo Pereira, mas nem nos meus sonhos imaginava o que viria a acontecer. 

Para os mais distraídos o RAP decidiu fazer uns quantos espectáculos nas zonas afectadas pelos incêndios de outubro para angariar dinheiro. Eu, que sou uma pessoa desempregada e muito forreta, sou bastante ponderada quando se trata de gastar dinheiro mas neste caso não pensei duas vezes. Quando comprámos os bilhetes já não havia muitas opções (até porque esgotaram em 4 horas) portanto acabei na fila da frente (naquelas laterais). 


Quem me conhece sabe pelo menos duas coisas sobre mim: que eu sou do Benfica e que sou fã do Ricardo Araújo Pereira (e eu não sou fã de muita gente). Não sou fã só porque ele tem piada e também é do Benfica. Sou fã da inteligência, da genialidade, do facto de ele escolher sempre a palavra certa para determinado momento do texto. Eu sou uma pessoa simples: nunca sonhei ser rica nem ter uma grande casa ou carro topo de gama. Trocava facilmente tudo isso por 5 minutos com as pessoas que mais admiro.

Há 3 anos inscrevi-me na pós-graduação de Artes da Escrita e a primeira aula a que assisti foi a de Escrita de Comédia dada pelo RAP. Lembro-me perfeitamente do momento em que cheguei ao pé da sala e o vi. Assisti à aula encantada e no final, deixei sair todos os meus colegas e fui pedir-lhe uma fotografia e dizer-lhe que era fã dele. Durante mais ou menos 3 meses tive o prazer de o ouvir todas as semanas. Quem conviveu comigo na altura sabe que aquelas foram as melhores quintas-feiras da minha vida. Durante esses meses trabalhei como nunca num texto que tinha de lhe entregar no final do semestre. Claro que, de cada vez que me lembro desse mesmo texto, me pergunto como é que tive coragem de lho enviar.

Ontem, 3 anos depois, lá estava eu na fila da frente com um livro dele que me foi dado à entrada (e que, surpresa, eu já tinha). O espectáculo mantém-se fiel ao nome: "Uma conversa sobre assuntos" (para quem quiser saber mais pode ler esta reportagem do Observador). O público fazia perguntas (umas melhores que as outras) e ele respondia. Levantei várias vezes o braço para fazer uma pergunta até ele dizer que só havia tempo para mais uma. Voltei a levantar o braço mas nada. Não é que tivesse alguma coisa de especial para lhe perguntar mas queria fazer parte daquilo. É engraço que durante toda a minha vida académica nunca participei nas aulas de livre e espontânea vontade a não ser nas dele.

A rapariga a quem entregaram o microfone perguntou ao RAP qual a melhor Mixórdia que ele tinha escrito. Ele virou-se para mim (provavelmente porque tinha visto que eu estava chateada por não ter tido a sorte de lhe perguntar nada) e pediu-me que fosse ao palco ler uma Mixórdia com ele. 

Eu, que não sou grande fã de palcos nem tão pouco gosto de ser o centro das atenções, meti a minha melhor cara de "tu não estás a tremer por todos os lados", subi ao palco, agarrei no microfone e ele perguntou-me se já nos conhecíamos. Reforcei a cara de "tu não estás a tremer por todos os lados" e disse-lhe que sim, que fui aluna dele. Lemos a Mixórdia e eu regressei ao meu lugar. Tenho noção que ele disse mais umas coisas mas não me recordo exactamente quais foram. Quando saiu do palco despediu-se de todos e eu  tive direito a um aceno especial. Como sou atrasada mental limitei-me a sussurrar um obrigado. Agora que estou a pensar nisto apercebo-me que o vocabulário português não é assim tão vasto na medida em que não existe palavra alguma suficientemente forte que eu pudesse usar naquele momento. Tinha uma lágrima no canto do olho mas controlei-me porque tenho uma reputação de pessoa insensível a manter. O RAP disse, no final daquele jogo que fez pelo Benfica, que "a partir de agora a minha vida é sempre a descer, vou estar a engonhar, a passar tempo até morrer" e, neste momento, não há nada que descreva melhor a minha vida.

Porque é que eu nunca serei famosa

novembro 03, 2017
Há imensas pessoas que têm como objetivo de vida tornarem-se famosas. A fazer o quê? Pouco importa, nem elas pensaram nisso, o que interessa é serem seguidas por milhares nas redes sociais, serem abordados na rua pelos fãs e terem dinheiro. Eu nunca tive esse sonho, até porque a ideia de estar no supermercado e alguém vir falar comigo não é nada agradável. Além disto há mais três coisas que me impedem de ter este sonho.

A primeira é óbvia mas também a menos relevante: eu não tenho nenhum talento ou, pelo menos, nenhum digno de mostrar ao mundo. Gosto de cantar mas sou bastante limitada e nunca cantaria aquilo que se ouve nas rádios hoje em dia. Gosto de escrever mas nunca escrevia um livro por falta de paciência e, acima de tudo, porque não tenho uma boa história para contar (e porque metade do teclado do meu computador não funciona *Fnac, worten, um patrocínio vinha a calhar*). Isto é um impedimento? Claro que não. O que não falta por aí são cantores que não sabem cantar, escritores que não sabem escrever ou atores que não sabem representar. O que essas pessoas têm que eu não tenho é sorte (ou Carreira como apelido).

Ser famoso hoje em dia implica um conjunto de coisas nas quais eu não me revejo nomeadamente a fotografia. Não é que não goste de fotografias, se calhar se tivesse um telemóvel bom até tirava algumas, o que eu não tenho é paciência para me tirarem fotografias. A ideia de estar na rua, ou a jantar com amigos, ou às compras no supermercado e alguém me vir pedir para tirar um foto é assustadora. O mais provável era levarem com o meu mau feitio e eu ficar a fazer uma careta qualquer na foto. A sério, não façam isso. Eu sei que fotos com famosos geram muitos likes mas perguntem-se antes de incomodarem a pessoa se a admiram assim tanto. Ainda dentro do tema estão também as redes sociais. As revistas cor de rosa hão-de morrer porque 95% dos famosos partilham tudo o que fazem no facebook ou no instagram. Nos outros 5% incluem-se todos aqueles que eu realmente admiro e que só se dignam a abrir as redes sociais para partilhar coisas relacionadas com o trabalho como se eu não fosse curiosa e quisesse saber tudo sobre a vida deles.

Por último, mas não menos importante: a assinatura. Eu não sou pessoa de pedir autógrafos mas de todas as assinaturas de gente famosa que já vi há uma coisa em comum: não se percebe nada. Eu sei que o autógrafo do Ricardo Araújo Pereira é dele porque está no livro da "Mixórdia" (e porque nunca pedi mais nenhum a ninguém) caso contrário, se visse um papel com aqueles rabiscos, achava que era uma receita médica. Ora, por muito má que a minha letra seja, eu não consigo assinar assim. A minha assinatura é (espantem-se) o meu nome e na maioria das vezes nem sequer é escrito da mesma forma porque eu vario a maneira como escrevo as letras.

A playlist para quem nasceu nos anos 90

música outubro 27, 2017
Pessoas da década de 90, levantem-se do sofá, metam o volume do computador ou do telemóvel no máximo e curtam do melhor som de sempre (sem julgamentos, todos nós ouviamos o mesmo).

Iran Costa - O Bicho (1995)



É mau? É. É ridículo? É. Ainda assim todos nós sabemos ainda hoje a coreografia (ainda mais ridícula que a música) disto. E quem é que foi ver um concerto do Iran Costa, quem foi? Sim, fui eu.

Alanis Morissette - Ironic (1996)


Este é um daqueles casos em que nunca mais se ouviu falar da cantora (há mais destes nesta lista). O meu lado rock amava esta música e cantava (no meu inglês rudimentar) o refrão com uma força descomunal.

Spice Girls - Wannabe (1996)



Facto: acho mais piada a esta música hoje em dia que alguma vez na minha infância porque nunca fui fã de girlsbands. Isto é basicamente a prova de que a "música do meu tempo" afinal não era toda excelente.

Natalie Imbruglia - Torn (1997)


Ah, a beleza da pop simples. Já não se fazem músicas destas hoje em dia. (Esta é mais uma daquelas que desapareceu depois desta música).

Santamaria - Eu Sei, Tu És (1998)



Arranjar a palavra certa para descrever o estilo os Santamaria é impossível e é assim que sabemos que uma banda ou um artista é diferente dos outros todos. Não que ser diferente seja necessariamente bom, mas todos nós sabemos metade da discografia dos Santamaria de cor.

Enrique Iglesias - Bailamos (1998)



Qual "Bailando" qual quê? Está para chegar a música latina que supere este hino. Sabem o que é que é difícil? Estar a estudar e isto a começar a dar. Quantas vezes é que isso não aconteceu durante a faculdade quando a minha prima (que era minha colega de casa) tinha a brilhante ideia de ligar TV no VH1.

Britney Spears - ...Baby One More Time (1998)



"Ah, a Britney Spears não canta nada"; pois não e então? A maioria dos cantores de hoje em dia também não, a diferença é que a Britney conseguiu fazer músicas épicas (ou péssimas, chamem-lhe o que quiserem).

Excesso - Eu Sou Aquele (1998)



Da mesma forma que eu não era grande fã de girlsbands, também não o era de boysbands, sobretudo das portuguesas. Se sei esta música praticamente toda? Sim, mas o meu cérebro gosta simplesmente de acumular informação inútil.

Backstreet Boys - I Want It That Way (1999)


Acabei de me aperceber que só conhecia o refrão disto tamanha era a minha admiração pelos Backstreet Boys. Mas tenho saudades (e acho que fazem falta) destas boysbands em que ninguém sabe verdadeiramente cantar.

Ricky Martin - Livin' La Vida Loca (1999)


Definição de épico no priberam: "1. Da epopeia ou a ela relativo; próprio da epopeia; 2. Alto, levantado, sublime; 3. Poeta épico; 4. Música "Livin' La Vida Loca".


Anjos - Ficarei (1999)



Tenho uma amiga que amava os Anjos e acho que aquilo que a conquistou foi a coreografia desta música que é para lá de brilhante.

Vengaboys - Boom Boom Boom Boom (1999)


Eu era super fã dos Vengaboys, até tenho um CD (gravado,claro) deles que por acaso nem tem esta música. Claro que, quando a ouvia, não fazia a mínima ideia do que é que a letra falava e portanto podem imaginar a vergonha que sinto hoje em dia de cada vez que me lembro que cantei esta música num festival da escola em frente a toda a gente. Se eu sabia alguma coisa de inglês? Não, estava no 5.º ano e nem internet tinha. Ainda assim uma professora de inglês veio dizer-me que tinha uma pronúncia impecável.

Jennifer Lopez - Let's Get Loud (1999)


Da coleção "gente que não sabe cantar mas de quem nós gostávamos na mesma" chega Jennifer Lopez e esta música épica. Eu era tão fã que foi difícil escolher qual a música melhor para este post porque eu gostava de todas.

Vanessa Carlton - A Thousand Miles (2001)



Adoro esta música. A sério. Aquela melodia inicial é fantástica o que contrasta completamente com o vídeo que é só estúpido.

Non Stop - Ao Limite Eu Vou (2001)


Pessoas que são da década de 90 e não sabem esta letra do início ao fim envergonham esta geração. Não faço ideia de onde é que vieram as Non Stop nem sei se têm mais música (aliás sei porque elas foram à Eurovisão com uma bastante má) mas isto, meus amigos, é um dos maiores hinos da música portuguesa de sempre.

Shakira - Whenever, Wherever (2001)


Ao contrário do que acontece agora eu era grande fã da Shakira. Conhecia as músicas todas e esta era uma das minhas preferidas. Claro que ainda hoje me pergunto como é que ela conseguiu cantar esta letra toda sem ficar sem ar.

Maxi - Anjo Selvagem (2001)


Que atire a primeira pedra quem não via e adorava a novela em que o José Carlos Pereira chamava trinca-espinhas à Paula Neves. Ah, as memórias que esta atuação ao vivo péssima traz.

Las Ketchup - The Ketchup Song (Asereje) (2002)



Estava numa festa da terrinha este verão quando isto começa a dar. Logicamente comecei a dançar (se bem que aquilo que eu faço não se pode apelidar de dançar) com a coreografia fantástica que toda a gente sabe. Quem é que ainda se lembra da teoria de que a letra da música podia ter um significado satânico? Bons velhos tempos.

Avril Lavigne - Complicated (2002)


Lembro-me de colegas de escola comprarem aquelas revistas de adolescentes (que orgulho que eu tenho de nunca ter gasto dinheiro nisso) e elas trazerem a letra desta música. 

LeAnn Rimes - Cant Fight The Moonlight (2002)


Quem nunca viu o Coyote Bar pelo menos 200 mil vezes não sabe o que é estar em casa ao fim de semana sem net e tv cabo.

O-zone -  Dragostea Din Tei (2003)


Da mesma forma que cantava inglês sem saber o que estava a dizer, ainda hoje canto romeno ou moldavo ou o que quer que isto seja sem saber uma única palavra. Se eu tivesse de eleger o maior hit de sempre seria esta música. Vocês não percebem o que eu fazia por esta música. Havia um top qualquer na Cidade FM (não julguem, todos nós passámos por essa fase) à noite que eu ouvia TODOS os dias porque esta música estava em 1.º lugar. Outra coisa certa era o álbum deles em primeiro lugar do Top + todas as semanas e lá estava eu aos pulos na sala a ver o vídeo deles num avião.

Luka - Tô Nem Ai (2003)



Nunca fui fã de música brasileira no entanto, sabe-se lá como, esta conquistou-me até a mim. Cantava isto por todo o lado.

Natasha Bedingfield - Unwritten (2004)



"FELL THE RAIN ON YOUR SKIN" é dos meus versos preferidos da história para cantar. Esta é uma daquelas que eu ainda ouvira hoje se estivesse a passar na rádio (até porque é melhor que 99% do que dá na rádio).

Da Weasel - Retratamento (2004)


Tenho uma amiga que canta isto como ninguém (estou farta de referir pessoas neste texto e o mais incrível é que são todas pessoas diferentes). O que é assustador é que que nós, com 10 anos, ouvíssemos isto sem sequer fazermos ideia do que a letra significava.

Anastacia - Left Outside Alone (2004)


A Anastacia é uma diva esquecida com o tempo, mas, Anastacia, se estás a ler isto, fica a saber que tu e a tua voz fenomenal têm um lugar especial nas minhas playlists (mentira, não ouvia isto há anos).

Melanie C - First Day Of My Life (2005)


Sabem aquelas músicas que toda a gente ama e vocês odeiam? É o meu caso com esta. Isto fez um sucesso tremendo na altura e eu não suportava ouvir aquela vozinha querida. 

Blue - Curtain Falls (2005)


Quem é que não se lembra da música do Simão e da Ana Luísa? Eu tinha-me esquecido dos Blue até que eles decidiram voltar e tentar a sua sorte na Eurovisão (conseguiram quase um top 10 que é basicamente uma vitória para o Reino Unido) e aí fui relembrar os grandes (e péssimos) hits.

D'zrt - Para Mim Tanto Me Faz (2005)


O maior orgulho da minha vida é conseguir fazer a parte do Angélico nesta música e chegar ao fim ainda a respirar. Esta é presença assídua quando certas pessoas previamente mencionadas neste texto se reúnem no karaoke (ou quando essas mesmas pessoas vão de carro a algum lado porque alguém, que não sou eu, tem um CD dos D'zrt).

Gato Fedorento - Rap dos Matarruanos (2006)


Terminamos com uma coisa que não é bem uma música mas que me apareceu nas sugestões do youtube. Todos nós sabíamos (ou sabemos?) isto de trás para a frente. E o triste é que nós nem questionávamos esta bela letra. Isto é sobre alguém que namora com uma ovelha. Como é que isto fez tanto sucesso? Não sei, mas ri-me muito depois de anos sem ouvir isto.

Estas e muitas outras músicas incríveis nesta playlist (de nada):

Quando o Ronaldo ganha um prémio

Futebol outubro 23, 2017
É sempre a mesma coisa: o Ronaldo ganha um prémio qualquer e lá vêm os comentadores desportivos do facebook dar um ar da sua graça. Estas são maioritariamente pessoas que veem bola de dois em dois anos (que é quando a seleção joga fases finais de mundiais ou europeus) e, como aquilo que a seleção pratica não é bem futebol, nem se pode dizer que vejam realmente bola. São basicamente as mesmas que comentam um clássico caso a sua equipa ganhe.

Mas, assim que o Ronaldo ganha um prémio qualquer, saem todas das suas cavernas para comentar futebol. Dá a sensação que já têm fotos e frases feitas preparadas só para a ocasião. Perdem mais tempo a preparar o post do facebook que o Ronaldo a preparar o discurso. Orgulham-se de "mais um prémio para Portugal", "mais reconhecimento para o país". Acontece que Portugal não ganhou absolutamente nada hoje (a não ser, provavelmente, uma votação de melhor destino de férias num blogue checo tão interessante como este, mas isso saberemos amanhã nos noticiários), o Ronaldo é que ganhou e, espantem-se, apesar de ele ser português, joga em Espanha. "Ah, mas ele foi formado no Sporting"; boa, mais um título na era Bruno de Carvalho.

E se isto já é insuportável, tentem dizer a esta gente que acham o Messi melhor que o Ronaldo. Ui, seus traidores. Eles, que provavelmente nunca viram o Messi jogar, é que sabem. Eu sou uma dessas pessoas. Aliás, eu sou uma daquelas pessoas que considera o Messi o melhor jogador de todos os tempos. E com isto não quero dizer que não ache o Ronaldo excelente, apenas acho o Messi melhor. Felizmente, com o tempo, aprendi a controlar-me e a não argumentar contra quem não tem argumentos. Uma pessoa com 24 anos já começa a percebe com quem é que vale ou não a pena discutir.

Questões que assolam a humanidade #23

questões que assolam a humanidade outubro 17, 2017

Como é que os farmacêuticos entendem letra de médico?

No outro dia tive de ir à farmácia e, ao olhar para a receita, comecei a questionar-me sobre isto. A única palavra que percebia no meio de tanta coisa era "almoço" e eu até costumo ser bastante boa a decifrar letras indecifráveis. Deu-me vontade de perguntar à farmacêutica se tinha tido alguma cadeira na faculdade chamada "decifrar letra de médico" ou algo do género mas depois lembrei-me que provavelmente ela ia achar que eu sou maluca e eu não tinha dinheiro para pagar medicamentos para mim.

Assim sendo, cheguei a casa e fui investigar. Incrível como os cursos de farmácia (pelo menos os do IPL e IPP) não têm a referida cadeira no seu programa o que me leva a crer que, nas escolas de línguas deve haver cursos próprios para estes profissionais. 

Mas, ainda decorrente da primeira questão, surge uma outra: como é que os médicos aprenderam a escrever assim? Aquilo não é o alfabeto latino nem grego nem russo. No máximo é uma adaptação do alfabeto árabe mas escreve-se da esquerda para a direita. Nem nas aulas de direito político em que eram 90 minutos a despejar matéria, eu ficava com uma letra tão incompreensível.

Os plágios do Tony

música setembro 17, 2017
Não, não venho mandar postas de pescada sobre as músicas que o Tony Carreira copiou até porque isto não é novidade nenhuma. Intriga-me bastante que, de entre todas as músicas que havia para serem copiadas, ele tenha escolhido estas, mas são opções. A minha reflexão sobre este assunto chega em formato musical. A música é um original meu (e qualquer semelhança que possam encontrar com outra é pura coincidência) e a letra é uma homenagem ao rei da música romântica portuguesa. Ignorem (tal como eu ignorei) o facto de este instrumental estar demasiado baixo para mim e a fraca qualidade da gravação.



P.S. Como eu sou uma pessoa que gosta de dar os créditos a quem trabalhou, o instrumental é daqui.

Questões que assolam a humanidade #22

questões que assolam a humanidade agosto 22, 2017

Já alguém levou mesmo com um piano em cima?

É recorrente nas indústrias televisiva e cinematográfica vermos pessoas a passear na rua e a levarem com um piano em cima. Custa-me a crer que, do nada, alguém que nunca esteve perante semelhante situação tenha pensado “epa olha que meter um piano a cair em cima de uma pessoa que vai a passar na rua é capaz de dar uma boa cena cómica”. Assim sendo, como faço sempre, fui investigar. A internet diz que realmente já houve quem sofresse tamanho azar, mais precisamente em 1931 quando uma pessoa morreu mesmo enquanto passava na rua e viu um piano cair-lhe em cima mas, tirando este incidente, não consegui encontrar registo de mais nenhum.

Agora pensem comigo: será que quem achou que isto dava uma excelente cena de comédia é uma pessoa normal? Será que tinha amigos? Deixo-vos a pensar nisto.

Coisas que se compram com 222 milhões de euros

Futebol agosto 03, 2017
336363636 pacotes de leite meio gordo Mimosa;
82527881 embalagens de Oikos;
24694104 frascos de champô Tresemmé;
224242424 quilos de arroz carolino Cigala;
172093023 pacotes de massa esparguete Nacional;
117460317 packs de 3 pacotes de bolacha maria;
124719101 caixas de atum natural Bom Petisco;
600000000 garrafas de água Vitalis de 50cl;
89156626 frascos de 615ml de fairy;
376271186 embalagens de 70 guardanapos Renova.

Coisas que não se compram com 222 milhões de euros:
Noção, que é o que falta a muitos dirigentes futebolísticos.

O problema das minhas ideias verdadeiramente fenomenais...

julho 22, 2017
... é nunca me dar ao trabalho de as apontar.

É incrível como tenho uma quantidade enorme de ideias para posts fantásticos (talvez fantásticos seja um exagero, mas nunca o saberão) no preciso momento em que estou quase a adormecer. Isto acontece sempre da mesma maneira: eu deito-me de madrugada sem sono nenhum, fico a rebolar meia hora na cama e, no preciso momento em que encontro a posição ideal para dormir, o meu cérebro decide lembrar-se de um tema excelente para abordar no blog. E nisto eu penso: "podia muito bem levantar-me e apontar isto num papel ou no telemóvel para escrever amanhã", mas acham que alguma vez fiz isso? Claro que não, porque prezo demasiado o meu sono de beleza e vivo na ilusão de que, no dia seguinte, me vou lembrar de tudo aquilo em que pensei no momento em que estava a fazer a transição entre este mundo e o fantástico mundo da hibernação. Qualquer dia tenho uma ideia brilhante para um negócio que me podia deixar milionária e nunca a executo porque não me apeteceu apontá-la.

P.S. Este foi um dos temas em que pensei ontem antes de ir dormir. A diferença é que nesse momento tinha muito mais interesse do que agora.

15 coisas fantásticas que a década de 90 nos deu

julho 18, 2017
Se, como eu, nasceram no início dos anos 90 (sendo que algumas destas coisas são obviamente do início do milénio), vão reconhecer tudo isto.

1. As grandes decisões da vida eram tomadas escolhendo um número e uma cor


2. Tínhamos as melhores paisagens do mundo no nosso ambiente de trabalho


3. E deixávamos de mexer no computador durante minutos só para ver tubos a serem construídos



4. Lemos os melhores livros de terror



 5. Era isso ou livros que implicavam jogos com dados e decisões que podiam muito bem acabar na nossa morte


6. Tínhamos canetas com 10 cores e escrevíamos com todas ao mesmo tempo se fosse preciso




7. E se isso não chegasse, dávamos uso ao nosso estojo de Picasso



8. Coleccionámos tazos 



9. O nosso animal de estimação era virtual


10. Ou mais ou menos real mas igualmente irritante


 


11. Usávamos pulseiras com os nossos nomes



11. Os acetatos eram sempre mal postos à primeira



12. Fazíamos arte com uns meros fios de plástico (sabem lá o tempo que demorou encontrar esta imagem)  


13. Todos conhecemos alguém que tinha um destes tapetes



14. Passas-me essa música?


15. A nossa maior alegria era acabar o solitário


Questões que assolam a humanidade #21

questões que assolam a humanidade julho 01, 2017

Qual é a diferença entre fettuccine e tagliatelle?

Eu adoro massa. Se tivesse de escolher uma coisa para comer para o resto da vida seria massa porque se pode fazer de mil e uma formas (isto para quem sabe cozinhar porque eu acabaria a comer massa com atum dia sim, dia não). Há dias, ao abrir um pacote de fettuccine, apercebi-me que há uns anos o continente vendia exatamente a mesma massa com o nome de tagliatelle. Como a minha mente já está programada para pensar nas grandes questões, comecei logo a interrogar-me sobre a diferença entre uma massa e outra. A nível estético eram iguais portanto seria de esperar que o sabor fosse diferente (como se a massa não soubesse praticamente toda ao mesmo). É igual.

Tudo isto levou a que eu fosse pesquisar sobre as diferenças entre uma coisa e outra (e nesta pesquisa descobri que há mais tipos de massas do que receitas de bacalhau). Há quem diga que fettuccine é mais larga e há também quem diga o contrário. Isto levou-me a concluir que são a mesma coisa: umas tiras largas de massa que eu deixo constantemente que se colem umas às outras enquanto as cozinho. Não feliz com esta conclusão, investiguei mais um pouco (porque eu gosto de vos dar todas as informações) e a único informação que encontrei em mais do que um sítio e que me pareceu aceitável foi o facto de serem realmente a mesma coisa mas o nome depender do local onde estamos. No norte de Itália come-se tagliatelle, no centro come-se fettuccine. É uma espécie de ténis (que os lisboetas insistem em usar como referindo-se a calçado como se não fosse um desporto) e sapatilhas. Portanto já sabem, se forem a Roma peçam fettuccine e se forem a Milão peçam tagliatelle. Ou então isto está tudo errado como a maioria das coisas que se encontram na net.

Semelhanças entre a Taça das Confederações e a Taça da Liga

Futebol junho 25, 2017
1. Os jogos são de qualidade bastante duvidosa.
2. É uma taça que não interessa a menos que seja a nossa equipa a ganhá-la.
3. As grandes equipas (leia-se a Alemanha) não convocam os melhores jogadores.

Como dormir com este calor

junho 20, 2017
Se são como eu e não dormiram mais de duas horas nos últimos três dias, continuem a ler. Se dormiram como se fosse uma noite de inverno, por favor partilhem comigo o vosso segredo.

A melhor opção (e também mais barata) para sobreviver aos 30 graus que estão de noite/madrugada é dormirem na banheira. Enchem-na com água e metem-se lá dentro. Não é uma solução amiga do ambiente mas temperaturas extremas exigem medidas extremas. 

Outra excelente opção é dormirem dentro de uma arca frigorífica. Parece macabro e faz lembrar algumas notícias do Correio da Manhã (ou da TVI, que a diferença já é pouca ou nenhuma), mas é capaz de funcionar. Exige investimento para quem não tem uma arca frigorífica, mas é coisa para compensar a curto e longo prazo.

Outra solução é fazerem as coisas que têm a fazer de noite e dormir de dia. Sim, eu sei que está mais calor, mas sabem onde é que se está mesmo bem durante o dia? Numa gruta. Senhores do turismo, pensem nisto. Em vez de visitas guiadas para explicar a diferença entre estalactites e estalagmites, metam uns colchões nas grutas e arrendem à hora.

Facto

música junho 11, 2017
A única vez que ouvi Despacito foi na Feira de Maio em Leiria porque começou a dar no local onde eu estava. Não fazia ideia que aquela era a "música do momento" se uma amiga minha não me tivesse dito. Ouvi uns 20 segundos, não faço ideia qual é o ritmo, não sei nada da letra e é assim que tenciono continuar.

Conjugação do verbo estar

língua portuguesa junho 07, 2017
Isto não está de forma nenhuma relacionada com aquilo que um certo grupo escreveu no twitter. Tive saudades das aulas de português gastas a conjugar verbos e apeteceu-me fazê-lo de novo. Cá vai:

Presente do Indicativo:
Eu estou
Tu estás 
Ele está
Nós estamos
Vós estais
Eles estão

Pretérito Perfeito do Indicativo:
Eu estive
Tu estiveste
Ele esteve
Nós estivemos
Vós estivestes
Eles estiveram

Pretérito Imperfeito do Indicativo:
Eu estava
Tu estavas
Ele estava
Nós estávamos
Vós estáveis
Eles estavam

Pretérito Mais-Que-Perfeito do Indicativo:
Eu estivera
Tu estiveras
Ele estivera
Nós estivéramos
Vós estivéreis
Eles estiveram

Futuro do Indicativo:
Eu estarei
Tu estarás
Ele estará
Nós estaremos
Vós estareis
Eles estarão

Presente do Conjuntivo:
Eu esteja
Tu estejas
Ele esteja
Nós estejamos
Vós estejais
Eles estejam

Pretérito Imperfeito do Conjuntivo:
Eu estivesse
Tu estivesses
Ele estivesse
Nós estivéssemos
Vós estivésseis
Eles estivessem

Futuro do Conjuntivo:
Eu estiver
Tu estiveres
Ele estiver
Nós estivermos
Vós estiverdes
Eles estiverem

Infinitivo:
Eu estar
Tu estares
Ele estar
Nós estarmos
Vós estardes
Eles estarem

Imperativo:
Tu está
Vós estai

Gerúndio:
Estando

Particípio Passado:
Estado

Agora notem duas coisas: 1. Pretérito imperfeito do subjuntivo não existe (pelo menos no meu tempo não existia, nunca se sabe o que é que inventaram ultimamente). 2. Está-se (a forma correta de estasse) não figura em nenhum dos tempos verbais acima porque é uma conjugação reflexa do presente do indicativo. De nada.

Supernatural ou "a série que faz questionar a nossa sanidade mental"

séries junho 02, 2017
Que eu tenho problemas mentais já não é novidade, mas cheguei à conclusão que estes são bem mais graves do que eu pensava. Permitam-me que vos faça um resumo do último episódio da 12.ª temporada de Supernatural para perceberem melhor o que quero dizer.

Começamos por descobrir que o Crowley afinal não está morto. No último episódio o Lucifer tinha-lhe espetado uma lâmina capaz de matar demónios no lombo mas ele conseguiu esfumar-se para dentro de um rato e reemergir debaixo da terra no seu antigo corpo. Escusado será dizer que no episódio anterior não vimos qualquer fumo a passar do corpo para o rato, mas isso são pormenores.


Nisto há uma mulher que está grávida do Lucifer (long story) e é guardada por um anjo. Eles foram às compras como se não tivessem o maior vilão de todos os tempos à procura deles e a mulher toca no carro e deixa um luz dourada para trás que entretanto se começa a deslocar para formar uma barra vertical de luz dourada.


Curiosos? O anjo também estava. Por isso mesmo decidiu tocar nessa estranhíssima luz e de repente estava numa espécie de universo alternativo onde os efeitos especiais são feitos no movie maker. Mais tarde descobrimos que este é um mundo onde o Dean e o Sam nunca nasceram e por isso não tiveram a oportunidade de salvar a humanidade 648587884 vezes do apocalipse.


Entretanto Lucifer aparece e que plano genial é que dois humanos, um anjo e um demónio arranjam? "Vamos prendê-lo no mundo alternativo e o pessoal de lá que lide com ele". Para isto o Crowley faz um feitiço, mata-se e no final o Lucifer volta para o universo real porque a luz demorou demasiado tempo a desaparecer. Tanto tempo que a mãe Winchester (que estava morta e ressuscitou no início da temporada) ainda tem tempo de empurrar o Lucifer (que entretanto matou o anjo) para a realidade alternativa e ir juntamente com ele. No final o puto acaba por nascer, a mãe dele morre e agora é esperar pela temporada 13 para ver de que forma trazem de volta o Crowley e o Castiel.

Eu sei, isto parece tudo inventado por mim, mas a verdade é que a minha imaginação não é assim tão boa. Há muitos anos que questiono o porquê de ver esta série e ia sempre arranjando uma razão minimamente aceitável. Agora já nem o facto de terem trazido de volta o meu vilão preferido salva isto. É melhor aceitar que tenho problemas mentais sérios até porque não penso deixar de ver a série.

Questões que assolam a humanidade #20

questões que assolam a humanidade maio 25, 2017


O que é a Hora H?

É um restaurante de hambúrgueres em Espinho, uma música de uma cantora brasileira, um antigo programa do Herman José e, claro, uma expressão usada por toda a gente ainda que ninguém saiba de onde é que ela vem. Seria de esperar que esta fosse apenas mais uma expressão estúpida que os portugueses inventaram para tornar a nossa língua ainda mais difícil, mas tendo em conta que a expressão surge em vários idiomas, esta ideia deixa de fazer sentido na medida em que Portugal importou praticamente todas as suas palavras do latim, grego ou árabe. Exportar palavras e expressões seria um excelente negócio mas Portugal dá-se melhor com a exportação de calçado.

Assim sendo, uma rápida pesquisa pela internet (que, como se sabe, está inundada de sabedoria) permitiu-me perceber que esta expressão está associada a uma outra bastante similar: Dia D. Há quem diga que o Dia D vem da Segunda Guerra Mundial e que se refere ao dia 6 de junho de 1944, dia esse em que os aliados invadiram a Normandia. Foi isto que aprendi nas aulas de história, no entanto, este blog afirma que a expressão vem da Primeira Guerra Mundial. A Hora H define a hora exacta dos ataques. Seja qual for a verdade, a expressão provém da Guerra. Porque é que a usamos no dia a dia referindo-nos a coisas sem importância para o rumo dos acontecimentos mundiais? Não sei, mas penso que este blog já cumpriu o seu propósito de ensinar qualquer coisa às pessoas pelo menos uma vez na sua existência.