Mentiras que me contavam sobre o trabalho

outubro 26, 2018

Serve o presente texto para provar que as pessoas que me foram dizendo isto ao longo dos anos estavam (como acontece regularmente) erradas. Para contextualizar aqueles que possam ter vindo a este blogue por engano (que é o que acontece com toda a gente), eu só tive um horário das 9 às 6 durante um mês da minha vida e ainda estava a estudar. Agora, que tenho este horário, há várias coisas novas na minha rotina a que tenho de me adaptar.

A primeira é óbvia: levantar-me cedo (e notem que, para mim, cedo é qualquer hora antes das 11 da manhã). Toda a gente me dizia (e continuam a dizer) que eu ia acabar por me habituar passadas umas semanas e depois, ao fim de semana, nem ia conseguir dormir até tarde. "Umas semanas" é uma expressão um pouco vaga na medida em que significa qualquer conjunto de semanas compreendidas entre duas e infinitas. Partindo deste princípio, talvez eu ainda não tenha deixado passar semanas suficientes e talvez eu comece eventualmente a sentir estes sintomas mas, por enquanto, continuo a odiar acordar cedo e continuo a dormir até às tantas no fim de semana. 

Reza a lenda que faz bem sair todos os dias, ver pessoas e ter uma rotina definida. Não faz. Eu gosto muito da minha companhia e gosto muito da minha casa. Não preciso de sair todos os dias para o mesmo sítio nem preciso de conhecer pessoas novas porque isso implica efectivamente conhecê-las e além de eu ser péssima a fazer conversa, também não me quero dar a conhecer porque sei que, a partir desse momento, não há qualquer probabilidade de essas pessoas continuarem a falar comigo (a menos que tenham problemas mentais graves ou estejam a conduzir um estudo qualquer para perceber  minha mente).

"O dia de receber é o melhor do mês". Se for a uma sexta-feira até é capaz de ser. Se for a uma segunda não é assim tão bom até porque depois tenho de fazer a transferência ao senhorio, carregar o passe, comprar o bilhete para ir a casa no fim-de-semana e ir ao supermercado (cujo nome não vou revelar porque ninguém me paga para isso). Depois disto tudo, vou gastar o que sobra em bilhetes para o Benfica ou para concertos porque poupar é para os fracos.

Dito isto, podemos todos concordar que trabalhar não é a melhor coisa do mundo. Felizmente, também é possível que nem sempre seja a pior. Se algum dia se sentirem mal, lembrem-se de todas as pessoas que já trabalharam em sítios que odiavam. Se são essa pessoa, despeçam-se. Foi o que eu fiz da última vez que trabalhei das 9 às 6.

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