"Os Maias" era leitura obrigatória?

ensino julho 19, 2018
As redes sociais são um local maravilhoso para descobrir coisas novas. Pensava eu, na minha ignorância, que 90% das pessoas não leram "Os Maias" no secundário. Das 10% que leram, 9% odiaram. Não sei se repararam mas estou a ser generosa nos arredondamentos. No momento em que se anuncia que a obra de Eça de Queiroz deixará de ser leitura obrigatória no secundário, as redes sociais provaram-me que estava errada. Parece que todas as pessoas leram "Os Maias" e agora estão revoltadíssimas (que é o sentimento predominante nas redes sociais) porque os miúdos não vão ser obrigados a ler uma obra cujo primeiro capítulo é passado a descrever uma janela. Poderão supor, pelo facto de eu saber isto, que eu li a obra. Errado. Tentei mas não consegui. Faço parte daquele grupo (ao que parece) minoritário que não se deu ao trabalho. 

O que eu sei sobre "Os Maias" é mais ou menos aquilo que está naquele resumo famosíssimo do Ricardo Araújo Pereira. Na altura tive de apresentar qualquer coisa na aula sobre um dos capítulos. Fui ouvindo as apresentações dos capítulos precedentes feitas pelos meus colegas e depois li o capítulo que tinha de apresentar. Correu tão bem que fiz o mesmo com o "Memorial do Convento". Ainda hoje, o que eu sei sobre o "Memorial do Convento" é que havia uma mulher chamada Belimunda que via o interior das pessoas e que havia uma pedra enorme que tinha de ser levada para o convento de Mafra. Ainda assim, acredito que me tinha safado melhor se tivesse saído Saramago no exame do 12.º em vez de Álvaro de Campos e Ricardo Reis.

Não sei se alguma vez pararam para pensar nisto, mas nós estudamos e idolatramos um homem que tinha problemas mentais sérios. Se Fernando Pessoa fosse vivo nos nossos dias, estaria internado num manicómio a escrever os seus poemas que de seguida acabariam no lixo porque nenhum dos funcionários ia ler aquilo e pensar "sim senhor, estes versos são uma bela ode às máquinas e já fazia falta qualquer coisa que dignificasse estas engenhocas". 

Ainda bem que ninguém lê este blogue, senão a maioria que leu "Os Maias" estaria neste momento a escrever comentários de ódio e a mandar-me indirectas relacionadas com a obra, provavelmente geniais, mas que eu não iria entender por nunca a ter lido.

P.S. tive boa nota a português ainda assim.

Dicas para comprar nos saldos

julho 18, 2018
Não tenho.

Entretanto fiquem com uma foto das minhas compras nestes saldos:










A cultura dos festivais de verão

música julho 12, 2018
Tenho uma amiga que, há uns dias, me disse a seguinte barbaridade: "vou ver os Arctic Monkeys ao Alive". Quanto muito ela devia ter optado pela formulação "vou ao Alive ver os Arctic Monkeys" e ainda assim estaria a ir contra os ideais do festival. 

Segundo os padrões da sociedade actual, esta frase tem quatro palavras a mais sendo elas "ver os Arctic Monkeys". Ninguém vai ver ninguém a um festival de verão. Até desconfio que a maioria das pessoas que compram bilhetes para estes eventos estão menos informadas sobre os cartazes do que eu. 

O processo de ir a um evento deste género é extremamente complexo. Começa tudo com o outfit perfeito bem ao estilo Coachella rasca (na verdade nem sei o que é o/a coachella mas sei que os outfits também são o exponente máximo). A isto junta-se um penteado meio estranho que ninguém usaria no seu dia-a-dia e dois quilos de glitter na cara. Uma vez chegados ao festival tiram-se 254 fotos num sítio cool  e escolhe-se a melhor para encher de filtros em 7 apps diferentes. Feito isto já são 10 da noite e os concertos já começaram há muito. Ainda há tempo para ir buscar 438 brindes e fotografar com eles identificando todas as marcas para ver se dá para arranjar um patrocínio. Nisto já estamos no último concerto da noite e convém fazer uns instastories com uma hashtag referente à tour da banda mas com erros porque a pessoa não sabe sequer o nome da banda, quanto mais o da tour

Durante os últimos anos tem-se vindo a desenvolver uma cultura de festivais de verão que eu ainda não consegui entender. As pessoas não vão pela música mas sim pelo convívio. Ora, se eu quiser conviver vou para o parque da Bela Vista num dia em que não precise de pagar 70€ de entrada, mas isso sou eu, que sou forreta. 

Como não sou, de todo, uma pessoa cool, só fui a um festival de verão na vida. Fui de calças de ganga, sapatilhas e um top qualquer. O penteado foi o mesmo de sempre: nenhum. Trouxe zero brindes para casa (até cheguei mesmo a recusar um chapéu porque fui esperta o suficiente para perceber que só me ia estorvar ao longo da noite). Não publiquei fotos nas redes sociais. Sou uma pessoa chata que só foi mesmo lá para aproveitar os concertos de artistas que queria ver. Eu e esta minha amiga somos uma espécie em vias de extinção. 

Questões que assolam a humanidade #26

questões que assolam a humanidade julho 09, 2018
Porque é que a nossa voz fica mais grave quando estamos constipados?


Estar constipada é chato (sobretudo se estivermos em julho) mas há uma coisa em particular que sempre me agradou: a descida de tonalidade da minha voz (acabei de inventar este conceito e na verdade nem sei se faz assim tanto sentido). Ao longo dos anos tenho vindo a testar isto e a verdade é que, no período em que estou constipada, a minha voz desce até pelo menos dois tons. É maravilhoso para quem me ouve e seria maravilhoso para mim se não me doesse a garganta. Durante  todo este tempo tenho-me interrogado sobre o porquê de isto acontecer. A pesquisa para vos dar uma resposta a esta pergunta mudou a minha vida. Estão preparados para mais uma dose de aprendizagem neste blogue? 

A lógica é bastante simples: são as cordas vocais que definem o quão grave ou aguda é a nossa voz. Uma pessoa com uma voz mais aguda tem as cordas vocais mais pequenas e finas do que uma pessoa com a voz mais grave. As crianças têm vozes mais estridentes porque as cordas vocais ainda não se desenvolveram. É mais ou menos como os cabelos ou, no meu caso, é exactamente a mesma coisa tendo em conta que eu tenho um cabelo médio que nem é fino nem grosso e sou aquilo que os profissionais chamariam de mezzo soprano (se não ignorassem constantemente esta categoria). Quando estamos constipados as nossas cordas vocais ganham infecção e incham. Já concluíram tudo o que havia para concluir, não já? Agora é arranjar uma maneira de as minhas cordas vocais incharem permanentemente sem ter de esgotar o stock de lenços dos supermercados.

Mundial 2018: os quartos

Futebol julho 05, 2018
A minha previsão dos oitavos foi tão boa (até perdi dinheiro no placard e tudo) que me parece lógico fazer uma também para a fase seguinte. Cá vai:

Uruguai vs. França: vai tudo depender de qual a França que aparece em campo. Se for aquela França da fase de grupos, o Uruguai passa às meias com mais facilidade do que aquela com que passou aos quartos. Se a França dos oitavos der novamente um ar da sua graça, vamos agradecer a todos os santos termos perdido com o Uruguai.

Brasil vs. Bélgica: se a Bélgica começar a praticar futebol mais cedo do que no jogo frente ao Japão, temos uma boa partida em perspectiva. De qualquer das formas todos sabemos que o auge dos jogos do Brasil são as quedas do Neymar.

Inglaterra vs. Suécia: a cada dois anos o mundo goza com a seleção inglesa. Este ano ainda nos vão calar.

Rússia vs. Croácia: esperamos todos que a Croácia da fase de grupos regresse depois da folga que teve no jogo com a Dinamarca. Chega desta brincadeira da Rússia ainda estar no mundial.