Ideias para prendas de natal para os pais

natal dezembro 18, 2018
Desculpem, esqueci-me do ponto de interrogação. É uma questão. Deixem nos comentários.

Limites do humor

Benfica dezembro 11, 2018
Ontem a RTP reuniu num estúdio de televisão Herman José, Maria Ruef, Eduardo Madeira, Luís Franco Bastos, Rui Sinel de Cordes e Mariana Cabral (e mais alguns na plateia). Pode não parecer mas todos estes comediantes (e o Eduardo Madeira) se reuniram para o Prós e Contras, esse programa que leva a debate os grandes assuntos da sociedade. Sucede que o tema ontem era os limites do humor.

Além de vivermos num mundo onde as pessoas insistem em perguntar quais os limites do humor ao melhor humorista português (para quem não sabe a quem me refiro, é preferível abandonar este blogue) como se ele nunca tivesse respondido a essa questão, descobrimos que a estação pública portuguesa acha normal fazer um debate sobre o assunto.

Permitam-me que responda à questão sem grandes debates ou perdas de tempo: não existem, à excepção de uma situação específica que é aquela piada do Rui Vitória continuar no Benfica. No início até estava a ter graça isto de ser campeão sem saber jogar à bola mas agora já não acho assim tanta piada e se calhar estava na altura de acabar com essa brincadeira, não era?

Mentiras que me contavam sobre o trabalho

outubro 26, 2018
Serve o presente texto para provar que as pessoas que me foram dizendo isto ao longo dos anos estavam (como acontece regularmente) erradas. Para contextualizar aqueles que possam ter vindo a este blogue por engano (que é o que acontece com toda a gente), eu só tive um horário das 9 às 6 durante um mês da minha vida e ainda estava a estudar. Agora, que tenho este horário, há várias coisas novas na minha rotina a que tenho de me adaptar.

A primeira é óbvia: levantar-me cedo (e notem que, para mim, cedo é qualquer hora antes das 11 da manhã). Toda a gente me dizia (e continuam a dizer) que eu ia acabar por me habituar passadas umas semanas e depois, ao fim de semana, nem ia conseguir dormir até tarde. "Umas semanas" é uma expressão um pouco vaga na medida em que significa qualquer conjunto de semanas compreendidas entre duas e infinitas. Partindo deste princípio, talvez eu ainda não tenha deixado passar semanas suficientes e talvez eu comece eventualmente a sentir estes sintomas mas, por enquanto, continuo a odiar acordar cedo e continuo a dormir até às tantas no fim de semana. 

Reza a lenda que faz bem sair todos os dias, ver pessoas e ter uma rotina definida. Não faz. Eu gosto muito da minha companhia e gosto muito da minha casa. Não preciso de sair todos os dias para o mesmo sítio nem preciso de conhecer pessoas novas porque isso implica efectivamente conhecê-las e além de eu ser péssima a fazer conversa, também não me quero dar a conhecer porque sei que, a partir desse momento, não há qualquer probabilidade de essas pessoas continuarem a falar comigo (a menos que tenham problemas mentais graves ou estejam a conduzir um estudo qualquer para perceber  minha mente).

"O dia de receber é o melhor do mês". Se for a uma sexta-feira até é capaz de ser. Se for a uma segunda não é assim tão bom até porque depois tenho de fazer a transferência ao senhorio, carregar o passe, comprar o bilhete para ir a casa no fim-de-semana e ir ao supermercado (cujo nome não vou revelar porque ninguém me paga para isso). Depois disto tudo, vou gastar o que sobra em bilhetes para o Benfica ou para concertos porque poupar é para os fracos.

Dito isto, podemos todos concordar que trabalhar não é a melhor coisa do mundo. Felizmente, também é possível que nem sempre seja a pior. Se algum dia se sentirem mal, lembrem-se de todas as pessoas que já trabalharam em sítios que odiavam. Se são essa pessoa, despeçam-se. Foi o que eu fiz da última vez que trabalhei das 9 às 6.

Modas que não fazem sentido (pelo menos na minha mente)

outubro 04, 2018
Eu não sou conhecida pelos meus dotes de observadora (na verdade, eu não sou conhecida por nada e é assim que pretendo manter-me), no entanto, há uma quantidade absurda de modas que invadiram o quotidiano das pessoas que, por muito que eu tente, não me passam ao lado. 

T-Shirts da Levi's

Que atire a primeira pedra quem não conhece ninguém com uma destas t-shirts. A toda a hora surgem modas que eu não consigo perceber mas esta é capaz de ser a mais estúpida. Como se não chegasse ser estúpida, também é uma moda discriminadora (que é um defeito quase tão grave como o anterior) na medida em que não permite que mais nenhuma loja além da Levi's venda as tão desejadas t-shirts. Nunca, em toda a minha vida, achei que uma maioria da população portuguesa fosse querer andar de t-shirt branca com o logotipo de uma marca mas, como acontece frequentemente, estava enganada.

Garras de gel

Tornou-se comum, de há uns anos para cá, ter unhas de gel. Ou não ter unhas de gel mas usar verniz de gel. Ou meter gelinho que faz o mesmo efeito visualmente mas toda a gente insiste que é diferente sem me conseguir explicar o porquê de o ser (ou isso ou sou eu que não percebo nada do assunto que é uma opção que eu nunca descarto). O que mais me atraí nesta moda é observar as pinturas feitas em cada uma das unhas de uma pessoa que são dignas de estarem expostas no CCB. O Joe Berardo, se fosse esperto, arranjava um contracto com uma pessoa que faz este tipo de unhas e, no final de cada mês, passava por lá a recolher todas as unhas arrancadas. Neste momento eu faço parte dos 2% de pessoas que tem unhas feitas de um material que caiu em desuso: unha. 

Brunch

Estou a tentar perceber o encanto do brunch há bastante tempo. Dizem-me que é fenomenal mas a verdade é que eu não consigo encontrar nada de bom nesta refeição que se faz a meio da manhã e pretende misturar o pequeno-almoço e o almoço. Ir brunchar durante a semana é impossível porque, infelizmente, temos de trabalhar. Ao fim de semana parece que há filas intermináveis e, quando chega a hora de entrar no restaurante, em vez de brunch, comemos um janche, que é uma mistura de lanche com jantar mas que não soa bem porque é em português. Não fosse isto suficiente para me fazer desistir de ir ao brunch, ainda há o facto de isso implicar levantar-me cedo ao fim de semana. Aos sábados e domingos já é uma sorte é eu levantar para fazer outra coisa que não seja aliviar a bexiga. Não querendo estar a constatar o óbvio, há um autor incrível que escreveu sobre o tema há uns tempos atrás e com o qual eu concordo a 100%.

Perguntas nos instastories

Como sabem um dos meus grandes objectivos com este blogue é promover o serviço público. Assim sendo, permitam-me que vos diga uma coisa: ninguém está interessado em ler as vossas respostas a perguntas desinteressantes que vos foram feitas. Na verdade, ninguém estaria interessado mesmo que as perguntas fossem interessantes mas, como ainda está para chegar o dia em que eu encontro uma dessas num instastorie, vou limitar-me a falar do que sei. A menos que sejam famosos (e mesmo assim o que é demais também enjoa a menos que sejam golos do Benfica) evitem achar que são mais relevantes para os vossos seguidores do que aquilo que realmente são. De nada.

Música espanhola

Quem está farto de ouvir a música do Toy, nunca experimentou ouvir reggaeton durante mais de 2 minutos. Não sei se já repararam mas estas músicas são todas iguais. É certo que a indústria musical (pelo menos aquela que a rádio nos mostra) está a ultrapassar uma fase de falta de originalidade tremenda, mas é escusado importar "música" de países latinos. Aflige-me imenso que esta seja uma epidemia global e preocupa-me que ainda não tenha passado. Começo a pensar que o mundo está a chegar a um ponto em que não há salvação possível que não seja o apocalipse.

Óculos que ficam mal a TODAS as pessoas

Sabem aqueles óculos da moda que toda a gente tem com a forma de uma espécie de triângulo isósceles? Se tu, que estás a ler isto (não sei quem é que estou a enganar porque ninguém lê isto), tens uns desses, permite-me que te ajude e te diga a verdade: eles não te ficam bem. Na verdade isto acaba por ser um elogio porque, provavelmente, eles ficam-te mesmo bastante mal como acontece com a maioria das pessoas. Ora, eu sou uma pessoa a quem nenhuns óculos ficam bem e, por isso mesmo, vejo-me obrigada a conduzir com o sol a queimar-me a retina. Isto é gente a quem óculos normais ficam bem mas que optam por usar os que lhes ficam mal. São pessoas que não merecem este mundo. Penso que esta moda é o primeiro passo para que comecemos a aceitar sair à rua com peças de roupa e acessórios que não nos fiquem bem. O próximo passo é oficializar o pijama como roupa aceitável para ir trabalhar. 

Consequências nefastas do calor

jornalismo agosto 05, 2018
Na praia:
"Boa tarde. Está calor, não está?"
"Está."
"E como é que se vai proteger deste calor?"
"Olhe, bebo muita água e ando mais à sombra."

Numa praia fluvial no interior:
"Boa tarde. Está calor, não está?"
"Está."
"E como é que se vai proteger deste calor?"
"Olhe, bebo muita água e ando mais à sombra."

Numa esplanada qualquer de uma terra que ninguém conhece:
"Boa tarde. Está calor, não está?"
"Está."
"E como é que se vai proteger deste calor?"
"Olhe, bebo muita água e ando mais à sombra."

Numa praça de uma capital de distrito que não Lisboa ou Porto:
"Boa tarde. Está calor, não está?"
"Está."
"E como é que se vai proteger deste calor?"
"Olhe, bebo muita água e ando mais à sombra."

E com esta constatação do óbvio ocupa-se uma bela meia hora de um noticiário. É o tipo de jornalismo que merecemos depois de fazermos 70 publicações diárias em todas as redes sociais sobre quantos graus estão.

"Os Maias" era leitura obrigatória?

ensino julho 19, 2018
As redes sociais são um local maravilhoso para descobrir coisas novas. Pensava eu, na minha ignorância, que 90% das pessoas não leram "Os Maias" no secundário. Das 10% que leram, 9% odiaram. Não sei se repararam mas estou a ser generosa nos arredondamentos. No momento em que se anuncia que a obra de Eça de Queiroz deixará de ser leitura obrigatória no secundário, as redes sociais provaram-me que estava errada. Parece que todas as pessoas leram "Os Maias" e agora estão revoltadíssimas (que é o sentimento predominante nas redes sociais) porque os miúdos não vão ser obrigados a ler uma obra cujo primeiro capítulo é passado a descrever uma janela. Poderão supor, pelo facto de eu saber isto, que eu li a obra. Errado. Tentei mas não consegui. Faço parte daquele grupo (ao que parece) minoritário que não se deu ao trabalho. 

O que eu sei sobre "Os Maias" é mais ou menos aquilo que está naquele resumo famosíssimo do Ricardo Araújo Pereira. Na altura tive de apresentar qualquer coisa na aula sobre um dos capítulos. Fui ouvindo as apresentações dos capítulos precedentes feitas pelos meus colegas e depois li o capítulo que tinha de apresentar. Correu tão bem que fiz o mesmo com o "Memorial do Convento". Ainda hoje, o que eu sei sobre o "Memorial do Convento" é que havia uma mulher chamada Belimunda que via o interior das pessoas e que havia uma pedra enorme que tinha de ser levada para o convento de Mafra. Ainda assim, acredito que me tinha safado melhor se tivesse saído Saramago no exame do 12.º em vez de Álvaro de Campos e Ricardo Reis.

Não sei se alguma vez pararam para pensar nisto, mas nós estudamos e idolatramos um homem que tinha problemas mentais sérios. Se Fernando Pessoa fosse vivo nos nossos dias, estaria internado num manicómio a escrever os seus poemas que de seguida acabariam no lixo porque nenhum dos funcionários ia ler aquilo e pensar "sim senhor, estes versos são uma bela ode às máquinas e já fazia falta qualquer coisa que dignificasse estas engenhocas". 

Ainda bem que ninguém lê este blogue, senão a maioria que leu "Os Maias" estaria neste momento a escrever comentários de ódio e a mandar-me indirectas relacionadas com a obra, provavelmente geniais, mas que eu não iria entender por nunca a ter lido.

P.S. tive boa nota a português ainda assim.

Dicas para comprar nos saldos

julho 18, 2018
Não tenho.

Entretanto fiquem com uma foto das minhas compras nestes saldos:










A cultura dos festivais de verão

música julho 12, 2018
Tenho uma amiga que, há uns dias, me disse a seguinte barbaridade: "vou ver os Arctic Monkeys ao Alive". Quanto muito ela devia ter optado pela formulação "vou ao Alive ver os Arctic Monkeys" e ainda assim estaria a ir contra os ideais do festival. 

Segundo os padrões da sociedade actual, esta frase tem quatro palavras a mais sendo elas "ver os Arctic Monkeys". Ninguém vai ver ninguém a um festival de verão. Até desconfio que a maioria das pessoas que compram bilhetes para estes eventos estão menos informadas sobre os cartazes do que eu. 

O processo de ir a um evento deste género é extremamente complexo. Começa tudo com o outfit perfeito bem ao estilo Coachella rasca (na verdade nem sei o que é o/a coachella mas sei que os outfits também são o exponente máximo). A isto junta-se um penteado meio estranho que ninguém usaria no seu dia-a-dia e dois quilos de glitter na cara. Uma vez chegados ao festival tiram-se 254 fotos num sítio cool  e escolhe-se a melhor para encher de filtros em 7 apps diferentes. Feito isto já são 10 da noite e os concertos já começaram há muito. Ainda há tempo para ir buscar 438 brindes e fotografar com eles identificando todas as marcas para ver se dá para arranjar um patrocínio. Nisto já estamos no último concerto da noite e convém fazer uns instastories com uma hashtag referente à tour da banda mas com erros porque a pessoa não sabe sequer o nome da banda, quanto mais o da tour

Durante os últimos anos tem-se vindo a desenvolver uma cultura de festivais de verão que eu ainda não consegui entender. As pessoas não vão pela música mas sim pelo convívio. Ora, se eu quiser conviver vou para o parque da Bela Vista num dia em que não precise de pagar 70€ de entrada, mas isso sou eu, que sou forreta. 

Como não sou, de todo, uma pessoa cool, só fui a um festival de verão na vida. Fui de calças de ganga, sapatilhas e um top qualquer. O penteado foi o mesmo de sempre: nenhum. Trouxe zero brindes para casa (até cheguei mesmo a recusar um chapéu porque fui esperta o suficiente para perceber que só me ia estorvar ao longo da noite). Não publiquei fotos nas redes sociais. Sou uma pessoa chata que só foi mesmo lá para aproveitar os concertos de artistas que queria ver. Eu e esta minha amiga somos uma espécie em vias de extinção. 

Questões que assolam a humanidade #26

questões que assolam a humanidade julho 09, 2018
Porque é que a nossa voz fica mais grave quando estamos constipados?


Estar constipada é chato (sobretudo se estivermos em julho) mas há uma coisa em particular que sempre me agradou: a descida de tonalidade da minha voz (acabei de inventar este conceito e na verdade nem sei se faz assim tanto sentido). Ao longo dos anos tenho vindo a testar isto e a verdade é que, no período em que estou constipada, a minha voz desce até pelo menos dois tons. É maravilhoso para quem me ouve e seria maravilhoso para mim se não me doesse a garganta. Durante  todo este tempo tenho-me interrogado sobre o porquê de isto acontecer. A pesquisa para vos dar uma resposta a esta pergunta mudou a minha vida. Estão preparados para mais uma dose de aprendizagem neste blogue? 

A lógica é bastante simples: são as cordas vocais que definem o quão grave ou aguda é a nossa voz. Uma pessoa com uma voz mais aguda tem as cordas vocais mais pequenas e finas do que uma pessoa com a voz mais grave. As crianças têm vozes mais estridentes porque as cordas vocais ainda não se desenvolveram. É mais ou menos como os cabelos ou, no meu caso, é exactamente a mesma coisa tendo em conta que eu tenho um cabelo médio que nem é fino nem grosso e sou aquilo que os profissionais chamariam de mezzo soprano (se não ignorassem constantemente esta categoria). Quando estamos constipados as nossas cordas vocais ganham infecção e incham. Já concluíram tudo o que havia para concluir, não já? Agora é arranjar uma maneira de as minhas cordas vocais incharem permanentemente sem ter de esgotar o stock de lenços dos supermercados.

Mundial 2018: os quartos

Futebol julho 05, 2018
A minha previsão dos oitavos foi tão boa (até perdi dinheiro no placard e tudo) que me parece lógico fazer uma também para a fase seguinte. Cá vai:

Uruguai vs. França: vai tudo depender de qual a França que aparece em campo. Se for aquela França da fase de grupos, o Uruguai passa às meias com mais facilidade do que aquela com que passou aos quartos. Se a França dos oitavos der novamente um ar da sua graça, vamos agradecer a todos os santos termos perdido com o Uruguai.

Brasil vs. Bélgica: se a Bélgica começar a praticar futebol mais cedo do que no jogo frente ao Japão, temos uma boa partida em perspectiva. De qualquer das formas todos sabemos que o auge dos jogos do Brasil são as quedas do Neymar.

Inglaterra vs. Suécia: a cada dois anos o mundo goza com a seleção inglesa. Este ano ainda nos vão calar.

Rússia vs. Croácia: esperamos todos que a Croácia da fase de grupos regresse depois da folga que teve no jogo com a Dinamarca. Chega desta brincadeira da Rússia ainda estar no mundial.

Mundial 2018: os oitavos

Futebol junho 29, 2018

A fase de grupos já lá vai, o que quer dizer que deixámos de ter três jogos por dia. Em compensação agora chegam os jogos a eliminar que têm sempre um gosto especial. Antes de apostarem, atente nas minhas previsões.

França vs. Argentina: pelos portugueses perdiam os dois. A França continua a mesma selecção irritante que sempre foi e sem grande coisa para dar ao futebol. A Argentina tem o Messi e 10 coxos. Se o Messi não deixar que os colegas toquem na bola durante os 90 minutos talvez tenham hipóteses.

Uruguai vs. Portugal: parece-me óbvio que desta vez nem vai dar para o empate. O maior ponto de interesse do jogo vai ser perceber quem é que o Suarez vai morder.

Espanha vs. Rússia: a Rússia era super candidata até apanhar uma equipa a sério. Mal posso esperar para ver a equipa anfitriã ser goleada. Não será tão épico quanto os 7-1 da Alemanha ao Brasil mas será na mesma satisfatório.

Croácia vs. Dinamarca: a Croácia é das equipas que melhor futebol pratica e o Modric é um dos melhores jogadores da actualidade. É só isto.

Brasil vs. México: o Coutinho está a fazer uma excelente mundial, mas a nível de penteados o Neymar é um vencedor óbvio. Uma selecção que deixa o Ederson fora do onze não merece sequer passar a fase de grupos. 

Bélgica vs. Japão: há pelo menos oito anos que a Bélgica tem uma geração de jovens promessas que já não são jovens mas continuam a ser promessas na medida em que olhamos para o 11 belga e à frente de cada nome conseguimos proferir um "é bom, mas...". Tivessem os japoneses convocado o Tsubasa e nem valia a pena fazer este jogo.

Suécia vs. Suíça: provavelmente o jogo menos interessante desta fase. A Suécia deixou de fora do mundial a Holanda e a Itália e agora mandou a Alemanha mais cedo para casa mesmo não tendo o Ibra. A Suíça devia ganhar com um hat-trick do Seferovic para ver se alguém o compra.

Colômbia vs. Inglaterra: os ingleses são uma espécie de Sporting das selecções porque sempre que há uma grande competição acham que vão ser eles a vencer mas eventualmente vão-se apercebendo que isso não vai acontecer. Imagino este jogo a ir a penaltis e todos nós sabemos como é que isso acaba.

Música de apoio para o Mundial

Futebol junho 15, 2018
A Sagres pediu a todos os portugueses que repetissem os rituais do Euro 2016 durante este Mundial. Como não quero ser culpada pelas derrotas da selecção, façam o favor:


Importa esclarecer desde já alguns pontos:

1. O vídeo e o som não estão totalmente sincronizados em homenagem aos jogos de futebol que dão na RTP.

2. A pior parte disto não foram as horas perdidas a animar palavra por palavra mas sim ter de ouvir a minha voz essas mesmas horas. Não sei como é que as outras pessoas aguentam.

3. O Camões está chocado com a minha capacidade métrica e com as minhas rimas terminadas em ar e ão.

4. Isto era para ser com uma música do Toy mas é mais difícil encontrar instrumentais portugueses na net do que ver um golo de livre do Ronaldo pela selecção. Assim sendo, optei por uma música respeitada (instrumental daqui).

Letras com nota artística #11 - A Portuguesa

letras junho 10, 2018

O Dia de Portugal parece-me a ocasião certa para escrever isto. No outro dia estava a ver a selecção e comecei a pensar sobre o nosso hino nacional (porque para aguentar 90 minutos de selecção é preciso fazer um esforço cerebral extra) e questionei-me sobre diversas coisas nomeadamente os seus autores. Pois bem, segundo a wikipédia (que, como todos sabemos, é uma fonte de informação fiável), Alfredo Keil é o autor da música e Henrique Lopes de Mendonça o responsável pela letra do hino adoptado em 1911 e escrito em 1880. Ora, de música eu percebo pouco mais que nada portanto resta-me apenas analisar o texto d'A Portuguesa e ver se é desta que sou deportada.


"Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!

A primeira consideração interessante a ser feita são os dois versos extra que existem sem que ninguém os saiba (e muita gente nem deve saber que existem). Isto é um bocadinho como a música dos parabéns mas em versão inteligente porque cantar mais do que uma parte é prolongar uma situação estranha e desnecessária (esta é para todos aqueles que começam com o "tenha tudo de bom" depois de já se terem soprado as velas).

Parece-me óbvio que a música foi feita como forma de protesto contra a monarquia e oficializada como hino nacional logo após o início da primeira república (que todos sabemos o quão bem correu) mas há aqui um apelo à luta e à guerra que me parece excessivo para o nosso país. Nós éramos fortíssimos a descobrir terras que já tinham sido descobertas pelos seus habitantes, mas a nível de dar porrada a outros povos (ou a nós mesmos) nunca fomos grande coisa. Para um país que perdeu um rei numa batalha em Marrocos e espera que ele volte num dia de nevoeiro, é capaz de ser demasiado gritar "pela pátria lutar, contra os canhões marchar, marchar" como se fossemos realmente grandes guerreiros. Afinal, demorámos anos a instaurar de novo a república em Portugal e, quando o fizemos foi com cravos no lugar das balas. Fosse o Salazar o Presidente do Conselho em vez do Marcello Caetano e as coisas não tinham corrido tão bem.

Toda esta letra me faz lembrar as das músicas que aparecem no festival da canção: "lembram-se de nós? Fomos muita bons a descobrir caminhos marítimos para todo o lado e demos novos mundos ao mundo". Para mim uma boa letra tem de nos fazer pensar e esta cumpre esse requisito quando se refere ao "esplendor de Portugal" que nunca me lembro de ter presenciado. Que esplendor é que queremos levantar de novo? Aquele que tínhamos em 1494 aquando do tratado de Tordesilhas que nos dava metade do mundo? É que depois disso não conseguimos grandes esplendores.

Para os curiosos em relação às outras duas partes do hino nacional, cá estão elas:

Desfralda a invicta bandeira
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O oceano, a rugir d'amor,
E o teu braço vencedor
Deu novos mundos ao Mundo!

Às armas, às armas!
Sobre a terra e sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!

Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal de ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.

Às armas, às armas!
Sobre a terra e sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!"


P.S. "Que HÁ-DE guiar-te à vitória" e não "que hão-de guiar-te à vitória". O verbo refere-se à voz dos avós e não aos avós em si.

Desabafo

comida junho 04, 2018

As lágrimas correm-me pela cara abaixo. Os meus olhos estão vermelhos e ardem-me ao ponto de não conseguir sentir mais nada. Neste momento de dor questiono toda a minha existência e pergunto-me se devo ou não seguir em frente e continuar a usar esta faca que tenho nas mãos. Deixo-a de lado por um momento para poder usar as mãos para limpar as lágrimas que já quase não me deixam ver. De nada serve. Continuo com a cara inundada de água salgada e com os olhos numa dor ardente. Volto a pegar na faca com a certeza de que este sentimento não passará tão cedo. Mas preciso de ser corajosa porque a cebola não se vai picar sozinha.

Reviews realmente relevantes #1

Reviews realmente relevantes maio 23, 2018
Três anos e uns meses após o início deste blogue, decidi finalmente torná-lo útil. À primeira vista, pode parecer que demorou demasiado tempo para que isto acontecesse, mas se pensarem na quantidade de pessoas já adultas cuja utilidade permanece desconhecida (eu inclusive), três anos não é assim tanto tempo. 

Assim sendo, dou hoje início a uma nova rubrica (e estou a designar de rubrica algo sem mais nenhum texto pensado) que vai melhorar as vidas de quem a ler. A verdade é que há por aí milhentas bloggers a fazer reviews de roupa, maquilhagem ou produtos de beleza em geral. Sucede que, além de eu não querer escrever sobre tais assuntos, também não teria nada a acrescentar (como acontece na maioria dos assuntos). Com isto podem deduzir que todos os produtos aqui revistos são de uma utilidade extrema.



Começo pela área da saúde. Durante anos tomei ben-u-ron, cêgripe ou brufen para curar constipações e febre. O efeito era o desejado mas demasiado lento. Foi assim até que um dia o meu pai trouxe Nurofen para casa. Nurofen trata:
  • dores ligeiras a moderadas;
  • cefaleias;
  • enxaquecas;
  • odontalgia;
  • dores menstruais;
  • dores musculares;
  • dor reumática;
  • dores nas costas;
  • nevralgia;
  • sintomas de constipação e gripe;
  • febre com duração inferior a 3 dias. 

A isto eu acrescento ainda o tratamento de dores de garganta (daquelas que vos fazem tossir noites inteiras) porque há uns meses o facto de não dormir há 4 noites seguidas levou-me a tomar medidas desesperadas. Tem ainda o benefício de ser revestido por uma película com um sabor nada péssimo e por isso não se desfazer quando não conseguimos engolir aquilo à primeira. 

Ainda não estão convencidos a ir à farmácia mais próxima comprar este must have? Então permitam-me acrescentar o fantástico preço de 4.15€. São 4€ que gastam em 24 pequenas bolinhas brancas com letras vermelhas capazes de melhorar as vossas vidas em poucas horas.

Resumo da minha eurovisão

eurovisão maio 18, 2018
Depois de um resumo minucioso daquilo que podiam esperar da final da Eurovisão, parece-me justo trazer-vos um resumo do que foram as minhas reacções à final da Eurovisão em plena Altice Arena.


1. Como assim último lugar do júri?

2. Aplausos moderados porque havia espanhóis por perto e não me apetecia falecer.

3. Mantenho o que disse no outro resumo: a parte em que a música "pára" lá pelo meio é a melhor porque ouvir isto é uma tortura.

4. Se tivesse vontade, teria ido à casa de banho.

5. Eu era a única que aplaudia os constantes 12 pontos do júri para isto. 

6. Pobres pessoas que gastaram milhares num vestido a acharem que ganhavam.

7. Fã mais entusiasmada mesmo achando isto péssimo. Desilusão total com aquele 15.º lugar.

8. Não fiz nenhum estudo mas posso afirmar com algumas certezas que fui a única portuguesa que não se levantou para aplaudir e que não gritou. Sou muito patriota, eu sei.

9. Atrevo-me a dizer que foi O momento da noite. Um dos poucos em que me levantei para cantar e aplaudir após a invasão de palco.

10. Irrelevante.

11. 4.º lugar... quem diria?

12. Aplausos imensos para o melhor cantor do ano.

13. Eu sabia que isto ia ficar num lugar mediano. Não disse nada porque ninguém me perguntou.

14. Estava um gajo à minha frente vestido exactamente como o Checo.

15. Toda a gente adorou, menos os júris.

16. Toda a gente adorou, menos as pessoas com bom gosto.

17. Prova de que podes gritar o quanto quiseres e mesmo assim não foges aos últimos lugares.

18. Aquela discussão básica para ver qual a parte em que a vocalista canta e qual aquela em que faz playback.

19. Tão mau que foi bom.

20. Melhor momento da noite? O bottom 5 da Suécia na votação do público depois do 2.º lugar no júri. Que maravilha. Nunca vi tanta gente tão feliz.

21. Nunca mais fui a mesma depois disto.

22. Foi a mais aplaudida da noite e as bandeira de Israel eram as que mais se viam (depois das portuguesas e espanholas, claro).

23. As holandesas ao meu lado eram as únicas fãs. Quando ele chegou à green room acenou-lhes. Tomei o aceno como sendo para mim também que tinha a Holanda em 2.º.

24. Havia mesmo pessoas a achar que isto ia ganhar. Pobrezinhos.

25. Se há um ano me tivessem dito que eu ia ver uma Eurovisão em que o Chipre ficava em segundo lugar, não sei como teria reagido. Provavelmente da mesma maneira que reagi no sábado.

26. Eu era a única com uma bandeira italiana (na verdade vi mais uma). As holandesas ao meu lado riram-se quando eu estava sozinha a festejar os 12 pontos do júri albanês. Depois do top 5 já ninguém se riu.

Conclusões disto tudo: 

  • Fiz as contas ao dinheiro gasto e não foi agradável;
  • Estou constipada porque teimo em pensar que de noite faz tanto calor como de dia;
  • Ganhou uma música de que eu não gosto;
  • Quem andou nos mesmos comboios que eu achou que eu era maluca por andar com uma bandeira italiana atrás.

Como nem tudo é mau, parece-me relevante dizer que foi uma experiência extraordinária pelo festival em si, pelas pessoas e porque conheci um dos artistas que mais admiro (e não vou desenvolver o assunto por não querer ser confundida com uma miúda de 13 anos). Ah, e não houve nenhum atentado terrorista como a minha mãe previa. Quem quiser ler uma opinião mais aprofundada, ei-la aqui.

Resumo da final da Eurovisão

eurovisão maio 11, 2018

Acredito que muitos portugueses já não possam ver a palavra Eurovisão à frente (principalmente aqueles que me seguem no twitter). Compreendo. Nos últimos dois anos também queria que acabasse rápido tendo em conta a qualidade (ou falta dela) das músicas a concurso. Como seria de esperar, os experts em música acordaram da hibernação para dizer que é tudo péssimo mas - espantem-se - há músicas boas este ano, sejam elas baseadas em feelings ou em fireworks. Mas o meu objectivo não é convencer ninguém a gostar da Eurovisão (até porque teria poucos argumentos para o fazer) mas sim apresentar-vos de modo resumido as 26 músicas a concurso na grande final. Sigam este recap comigo:


1. Começamos bem com um gótico a sair de um caixão que afinal é um piano que se incendeia mais para o fim. Esta é a primeira de muitas músicas que não são cantadas em inglês.

2. Um casal mais forçado que os vencedores da Eurovisão em 2011. Na verdade nunca consegui ouvir isto até ao fim.

3. O primeiro cabelo rosa da noite e as primeiras palavras que vamos ouvir em português. A parte em que a música "pára" lá pelo meio é a melhor porque ouvir isto é uma tortura.

4. Salvador Sobral versão feminina. Excelente para quem, ao contrário de mim, tem sentimentos.

5. Um excelente cantor com uma actuação péssima e uma roupa ainda pior. Nem seria a mesma coisa se os meus favoritos não estragassem tudo em palco.

6. Ópera em italiano com um vestido onde são são reproduzidas imagens. Excelente voz mas é uma pena não ter instrumental.

7. O vencedor de 2009 voltou com uma música chamada "That's How You Write A Song". Curiosamente é uma das piores músicas que ele já escreveu.

8. Vamos acabar nos últimos lugares.

9. Reino Unido como sempre a deixar bem claro que está na Eurovisão para lutar pelo último lugar.

10. Einstein a tocar flauta, saudação Nazi e uma intro que parece demorar duas horas.

11. M*rda, queria dizer qualquer coisa maldosa ou engraçada sobre esta mas não dá. 

12. Melhor cantor da edição inteira. A questão é mesmo: onde é que ele comprou aquele casaco?

13. O nome da música é "Mercy" mas parece que se lê "Merci". Ninguém vai perceber, mas a letra da música é maravilhosa.

14. Um gajo de mochila e roupa esquisita a fazer uma dança esquisita.

15. Vikings.

16. Uma mulher a fazer uma dança muita estranha. E sim, a Austrália participa.

17. Há uma coisa estranha no palco e uma mulher aos gritos. Mais eurovisivo que isto não há.

18. A mulher está a fazer playback enquanto uma corista canta por ela. Maravilhoso este mundo da Eurovisão, não é?

19. Música péssima (mas mesmo péssima) com uma actuação genial.

20. Há países que tiveram de cortar as suas músicas porque tinham mais de 3 minutos. A Suécia tinha 30 segundos e repete-os seis vezes.

21. A minha mãe a gritar comigo mas em húngaro.

22. Uma mulher a cacarejar.

23. Uma fusão entre blues, rock e country com gente a fazer breakdance. Lembram-se quando eu disse que os meus favoritos arruinavam tudo em palco? Cá está mais uma prova.

24. Um rapaz a cantar, outros dois a dançar e uma música que toda a gente odiava mas que agora está no 3.º lugar das apostas. Como? Não sei.

25. "Music isn't fireworks" my ass. Isto lidera as apostas e foi rejeitada pela minha cantora preferida. Apoio a decisão.

26. A prova de que há uma primeira vez para tudo é este staging perfeito da minha música preferida que lhes vai valer um excelente lugar fora do top 10..

Belíssima final, não é? Agora é esperar que a Noruega vença para a III Guerra Mundial começar no twitter.

Sobre as rendas em Lisboa

abril 24, 2018
Tem-se falado muito nos últimos dias sobre a questão das rendas absurdas em Lisboa. Os canais de televisão noticiam isto como se fosse uma novidade, no facebook há cada vez mais indignados com o assunto e eu, que gosto de estar sempre em cima do assunto do momento, venho mostrar-vos o lado positivo disto.

Ninguém consegue arrendar uma casa em Lisboa com os míseros ordenados que temos e, portanto, a opção mais viável é viver na rua. É uma opção com imensos benefícios para estudantes e trabalhadores, senão vejamos: viver na rua permite escolher a zona em que se quer viver. Afinal, dormir num banco da avenida da liberdade é bem mais glamoroso do que habitar numa casa partilhada com mais 8 pessoas em Chelas.

Escolher um quarto implica muitas vezes pagar um mês de renda e outra de caução a priori, o que faz com que sejamos obrigados a permanecer naquele local durante pelo menos dois meses mesmo que odiemos os colegas de casa. Este não é um problema que se põe se estivermos a dormir num banco de jardim uma vez que todos os dias podemos mudar de localização. Este nomadismo dos dias modernos permite ainda que vivamos perto do local de trabalho ou da faculdade. Quem nunca sonhou acordar às 8h45 para ir trabalhar às 9h00?

O drama de "não posso ficar até muito tarde porque depois não tenho transportes" também acaba, tal como o problema das casas demasiado pequenas para fazer jantares de grupo. Já estou a imaginar  um jantar de aniversário com os meus amigos no terreiro do paço (na verdade qualquer casa minúscula teria espaço suficiente para todos os meus amigos).

E, como se isto não fossem já razões mais que suficientes para provar que isto das rendas altas não tem nada de negativo, ainda há o factor verão. Sim, é que dormir ao ar livre no verão é bem melhor que dormir em casa.

Questões que assolam a humanidade #25

questões que assolam a humanidade abril 18, 2018
Como é que se distinguiam os inimigos numa batalha se ambos usavam uniformes da mesma cor?


Como e costume, trago-vos uma questão pertinente que não vi abordada na internet e me parece relevante para a vida em sociedade. Pensemos então sobre isto: a maioria dos uniformes militares que vemos em filmes e séries são vermelhos ou azuis (e só estou a dar-lhes credibilidade para ter algum tipo de fundamento para este texto). Primeiro que tudo temos de saudar todos aqueles que combateram guerras nos séculos passados porque, além de estarem a arriscar as suas vidas, ainda o faziam em roupas que parecem extremamente desconfortáveis. Se eu mandasse, combatiam-se guerras de pijama.

Mas foquemo-nos naquilo que é realmente relevante: se ambos os exércitos usassem vermelho como é que não acabavam a matar os seus aliados ao invés dos inimigos? Das duas uma: ou se conheciam todos uns aos outros, ou faziam como no futebol e usavam um uniforme suplente. Sendo que ambas me parecem bastante improváveis, creio que só me resta ter fé em vocês e esperar que alguém me envie a resposta a esta questão (não era a primeira vez). Até lá vou apenas supor que se matavam todos uns aos outros.

Coisas que só acontecem nos desenhos animados

abril 10, 2018
Depois de tanta gente ter visto o texto que escrevi sobre as coisas que só acontecem nos filmes (ou de eu ter carregado demasiadas vezes no F5), trago-vos um spin off com situações estupidamente parvas que se passam nos desenhos animados.

1. Usar toalha mesmo que nunca se use roupa


Quem nunca viu um episódio em que o Bugs Bunny acaba de tomar banho e tem uma toalha enrolada à cintura? Poderíamos argumentar que é para se secar mas, sendo assim, só metade do corpo fica seco.

2. As pessoas gostam demasiado de limonada

Quando era criança decidi fazer limonada uma vez para ver se sabia assim tão bem ao ponto de compensar montar uma banca na estrada e vender aquilo no verão. Não sei se errei na quantidade de sumo ou de açúcar, mas a verdade é que desde essa altura que não bebo limonada e, como devem calcular, nunca ganhei um tostão a vendê-la.

3. Toda a gente fala português

Sim, eu sei que tem de ser mesmo assim, mas e quando há uma personagem inglesa que fala português com o sotaque mais ridículo da história? Ninguém fala com aquele sotaque. Um inglês a falar português não é assim tão compreensível. Eu sei porque uma vez estive 10 minutos para perceber que um queria ir para Belém e Belém não é uma palavra assim tão complicada.

4. As promoções "leve 20, pague 1"


Quem nunca ficou deprimido/a quando as suas calças preferidas deixaram de ser usáveis? Eu fico constantemente porque sei o quão difícil vai ser encontrar substitutas à altura. Os desenhos animados são dotados de uma inteligência fora do normal e sabem que o melhor que há a fazer é comprar logo a roupa toda igual. Aproveitam e também facilitam o processo de escolha dos outfits.

5. Os disfarces são mínimos mas extremamente eficazes

Sempre que vejo (sim, o verbo está no presente) daqueles desenhos animados tipo Navegantes da Lua (ou cópias reles) fico estupefacta com o facto de ninguém as reconhecer só porque mudaram de roupa. Havia poucas coisas que me tiravam mais do sério quando era miúda do que isto. 

Se o tempo é dinheiro...

março 23, 2018
Certamente já vos aconteceu dezenas de vezes ficar à espera de alguém (se não vos acontece regularmente é porque são vocês que fazem esperar e, nesse caso, é melhor pararem de ler por aqui porque não vão concordar com nada do que se segue). Se, como eu, estão fartos de esperar 10 ou 15 minutos como se isso fosse aceitável, juntem-se a mim nesta luta.

Esta brincadeira de as pessoas se atrasarem constantemente e ainda se congratularem quando chegam a horas pela primeira vez na vida tem de acabar. "Como?", perguntam vocês. É simples: é preciso que se aprove uma lei que ponha em prática o antigo ditado "tempo é dinheiro" e multe quem faz o outro perder tempo (e, por conseguinte, dinheiro). Se isto for para a frente e tiver efeitos retroactivos eu sou milionária neste momento sem o saber.

E como é que isto se aplicaria? É aqui que tudo se torna mais difícil mas não é nada que um aparelho vindo de um episódio de Black Mirror não resolva. Não me peçam é para o desenhar que eu sou de letras. Claro que é preciso estabelecer níveis de atraso consoante vários factores e, por isso mesmo, fiz um esquema bastante elucidativo daquilo que pretendo:


Pode parecer que eu estou a sugerir isto apenas para proveito próprio mas esta medida é um ciclo mais eficiente que o da água, senão vejamos: parte das multas seria para o estado (como tudo na vida) o que faria a nossa economia crescer. Depois de gastarem o seu dinheiro em multas, as pessoas pensariam duas vezes antes de se atrasarem o que tornaria todas as empresas mais eficientes fazendo a nossa economia crescer mais uma vez. É possível que o problema deste país seja a aceitação mútua da falta de pontualidade.

Dia do pai

março 19, 2018
Conhecem aquele jogo em que alguém diz uma palavra e vocês têm de adivinhar uma música que tem essa palavra? Super divertido, eu sei. Devem estar a pensar: "o que é que isto tem a ver com o dia do pai?". À partida nada, mas não desistam já de mim (se é que não desistiram logo na primeira frase).

O meu pai é o campeão desse jogo e nem precisamos de estar a jogá-lo. Muitas vezes estamos a conversar e, a partir da palavra mais aleatória, ele começa a cantar uma música que nem eu nem a minha mãe alguma vez ouvimos. Uma vez estava a ver o Benfica e o comentador falou no Eliseu (ah, as saudades desse craque) e ele começou a cantar uma música para o Eliseu. Se isto não é um dom, não sei o que será!

Isto é o mais próximo que o meu pai terá de uma publicação nas redes sociais e, tal como aconteceria nesse caso, ele não vai ler isto.

Tudo soa melhor (e mais caro) em inglês

março 11, 2018
No outro dia ouvi falar sobre a National Geographic Summit e fiquei fascinada ao perceber que os bilhetes para este evento custam até 75€. Sabem qual é o significado de summit? Conferência. Mas conferência é uma palavra sem encanto e que não nos faz querer pagar para ouvir pessoas a falar sobre coisas. 

Isto começou tudo com a Web summit e está a alastrar-se. Qualquer sítio onde haja umas pessoa a falar em inglês sobre temas interessantíssimos dos quais a audiência não percebe nada é uma summit.

Há uns anos atrás esta palavra não existia. Nos tempos de faculdade organizámos conferências que, se tivessem summit no nome, talvez tivessem rendido qualquer coisa. 

O estranho momento de acabar uma conversa

março 04, 2018
Já todos nós passámos por aquele momento em que não temos mais nada para dizer (ou escrever, neste caso) mas não sabemos como dizer isso mesmo à pessoa com quem estamos a falar. Criam-se ali uns instantes de embaraço para ambos os lados do teclado porque a outra pessoa também não quer dizer mais nada e, muitas vezes, até deseja fervorosamente que não digamos nada. As soluções encontradas passam pelo envio de um smile ou emoji ou até ignorar a mensagem não correndo o risco de a ver. 

Eu proponho algo muito mais inovador e que tenho vindo a pôr em prática há alguns anos com uma pequena amostra de indivíduos. Imaginem este cenário: estão trocar mensagens com uma pessoa e de repente apercebem-se que aquela conversa não vai a lado nenhum e não estão em condições de começar uma nova. Em vez de optarem por um emoji  a rir, experimentem um "não tenho mais nada a dizer sobre isto". A outra pessoa fica com a sensação que o problema não é ela estar a ser desinteressante mas sim o facto de vocês serem intelectualmente limitados e não conseguirem continuar o diálogo. É possível que uma parte da população leve a mal, mas ninguém vos pode condenar por falta de honestidade.

Novo mês, novas manias

facebook março 01, 2018
A expressão que dá título a isto, e que eu inventei agora mesmo, devia entrar em vigor para todos os aspectos ridículos da nossa sociedade. Num mundo perfeito este tipo de manias nem se aguentariam mais de dois dias, mas temos de aceitar que o ser humano é imperfeito e estabelecer metas possíveis. 

Para quem ainda não faz ideia do que é que eu estou a falar, permitam-me que vos elucide: 


Só quem não entrou no facebook nos últimos tempos poderá estar alheio à imensidão de imagens de pessoas com a sua suposta aparência se tivessem nascido com um cromossoma diferente. Eu sei que cada um faz o que quer na sua página mas isso não implica que eu não possa avisar essas pessoas de que estão a ser ridículas. É serviço público. De nada.

Expressões parvas usadas pelos portugueses #2

língua portuguesa fevereiro 19, 2018
Já ninguém se lembra do primeiro volume deste maravilhoso post mas desde aí que tenho pensado a apontado mais expressões ridiculamente parvas. Muitas das que se seguem foram usadas por mim ontem, enquanto via o Festival da Canção.

Encher chouriços

Define-se como "aquilo que a RTP faz todos os anos entre o fim das músicas a concurso e o início da revelação das votações". No fundo são duas horas (ou mais) em que nada de relevante se passa. Mas agora façamos o exercício de pensar na primeira pessoa que usou esta expressão. Eu teria olhado de lado, mas a verdade é que a moda pegou.

Obra prima

É o verso "quem coala consente" da música "Austrália" que acabou com uns belos zero pontos ontem à noite. Sucede que isto se refere a um estatuto demasiado bom para que eu o possa associar a qualquer uma das minhas primas (e é possível que uma ou outra estejam a ler isto e tal não abone a meu favor). Da perspectiva delas acaba por fazer sentido.

Vira o disco e toca o mesmo

Disse a minha mãe antes de adormecer depois de ver metade das músicas. A questão é que os discos têm músicas diferentes. A menos que estejamos a falar do Tony Carreira que faz carreira há anos sempre a cantar a mesma música.

Abanar o capacete

Esta não me ocorreu durante o Festival da Canção porque era efectivamente impossível realizar tal acção durante o mesmo. Ainda assim, gostaria de ter visto alguém a abanar um capacete. Literalmente.

Lavar roupa suja

Há gente que faz mais disto no sentido figurado do que no sentido literal.

Fazer com uma perna às costas

"Os 100 metros em menos de 10 segundos? Faço com uma perna às costas!". Já ouvi uma pessoa a dizer isto e gostava de ter visto.

Fazer uma tempestade em copo de água

É difícil, a menos que sejamos formigas. Deixo aqui também uma menção honrosa para a referência a "copo de água" como uma parte de um casamento onde ninguém bebe sequer água.

Estar com a pulga atrás da orelha

Já estive curiosa e, curiosamente, nunca tive nenhuma pulga atrás de nenhuma das minhas orelhas. 

Estou-me a passar

A ferro? É incrível a quantidade de vezes que me passo sem passar praticamente nada do que visto a ferro.

Tirar o cavalinho da chuva

Para quê dizer "esquece lá isso" quando podemos simplesmente pedir a alguém que vá tirar um cavalo inexistente da chuva num dia de sol? Deve ser maravilhoso para um estrangeiro a aprender português ouvir isto.

Sou consumidora e nunca escolhi nada

fevereiro 15, 2018
Não sei se alguma vez repararam na quantidade de produtos e serviços com o selo de "escolha do consumidor". São sensivelmente menos que os livros apelidados de "Best seller do New York Times" e que os prémios de turismo ganhos por Portugal nos últimos dois anos mas, ainda assim, uma quantidade generosa.

Como sabem, tenho por hábito pesquisar sobre os grandes temas, e não podia deixar este de lado. Ao todo há 123 marcas premiadas com a "escolha do consumidor 2018". Sucede que ainda estamos a meio de fevereiro e era de esperar que tamanho galardão fosse atribuído depois de o consumidor consumisse efectivamente o produto. Não. Conhecendo os portugueses, se não se tratasse disto já, só lá para 2023 é que tínhamos os resultados deste ano. 

Entre estas escolhas de consumidores que eu não conheço estão, por exemplo, a Renascença e a RFM. Podia jurar que dar a mesma distinção a duas rádios é estúpido, mas entretanto reparei que um dos pontos positivos citados pelos consumidores em relação à RFM é a "qualidade da música" portanto terei de rever o meu conceito de estupidez. 

É escusado dizer que como este exemplo que dei das rádios, há outros tantos portanto fica aqui a dica: quando todas as marcas têm a mesma designação, ela deixa de valer o que quer que seja. Agora vejam lá se fazer um focus group para blogues e deixem que as mesmas pessoas que avaliaram a RFM façam o mesmo com o meu blogue para me considerarem produtora de "conteúdo de qualidade".

Coisas que deviam ser testadas no exame de condução

fevereiro 09, 2018
Há variadíssimas pessoas que conduzem sem terem qualquer tipo de aptidão para a coisa. Eu sou uma delas. Mas, pior do que isso, são pessoas que até conduzem bem mas são incapazes de seguir as regras de bom senso da vida em sociedade e isto ninguém lhes ensina. 20 e tal aulas de condução e andamos a perder tempo a contornar passeios em vez de darmos importância às coisas relevantes para o dia-a-dia.

Uma das coisas que devia dar chumbo é o estacionamento adiantado. E o que é isto? É a coisa mais irritante da história das coisas irritantes. Imaginem o parque de estacionamento de um shopping nos dias antes do natal. Estão às voltas há 30 minutos e ao longe observam um lugar. Apressam-se para serem os primeiros a chegar e, à medida que se aproximam, percebem que afinal foi só alguém que se chegou em demasia para a frente. A temática do estacionamento dava para um dia inteiro e portanto vou deixar para outra altura as minhas opiniões nada favoráveis sobre quem estaciona em 2ª mão e quem ocupa dois lugares.

E aquelas pessoas que ouvem música aos altos berros e acham que nós também queremos ouvir aqueles reggaetons e aqueles kizombas foleiros? Não queremos. Ter mau gosto musical e tentar impigi-lo aos humanos normais devia dar chumbo.

Sabem o que é que é testado mas não é bem? Piscas. Há um determinado número de vezes em que podemos ignorar os piscas sem chumbar. Como em quase tudo na vida, quando se fala de piscas não é a quantidade mas sim a qualidade que importa. Eu não vou meter o pisca se não há ninguém na estrada mas não faço o mesmo se estou para sair numa rotunda e há meia dúzia de pessoas à espera para entrar.

Um dos grandes flagelos das estradas portuguesas é o pára-arranca. Os portugueses gostam tanto disto que o fazem nos semáforos. Que atire a primeira pedra quem nunca parou num semáforo e, daí a dois segundos, o carro da frente decide avançar 10 centímetros. Porquê pessoas? Sabem que o semáforo não vai mudar de cor mais rápido por o estarem a pressionar, certo?

E aqueles otários que passam por cima de poças enormes de água quando há pessoas no passeio e ainda se riem depois de as molharem? É um problema sazonal, eu sei, mas não tem piada. Nenhuma. A menos que fossem eles no passeio e eu no carro.

Questões que assolam a humanidade #24

questões que assolam a humanidade fevereiro 06, 2018

Quanto tempo é que o diabo demora a esfregar um olho?

Não se estão familiarizados com a expressão "enquanto o diabo esfrega um olho". A minha mãe costuma usá-la quando o meu pai está a comer com uma rapidez de fazer inveja ao campeão actual de fórmula que não faço ideia quem seja. Foi precisamente numa dessas ocasiões que me ocorreu esta questão. Há algum estudo sobre isto? Há sequer algum tipo de prova que o diabo esfregue os olhos? Creio que não. Passei dez anos na catequese e nunca lemos nenhuma parte da bíblia onde se descrevesse o dito cujo e praticar tal acção. Certo é que não seria relevante para a narrativa, mas o que não falta por aí são livros repletos de descrições inúteis. O mais provável é eu nunca encontrar uma resposta para esta questão, o que acaba por ser uma excelente notícia já que eu não desejo propriamente conhecer o diabo.


Eu aguardo, tu aguardas, todos aguardam

música janeiro 26, 2018

Os bilhetes para os U2 esgotaram numa questão de minutos. Eu sei porque era o número 32 mil e qualquer coisa na fila da blueticket e passado pouco tempo já aquilo estava estagnado. É justo. Afinal eu dormi todos os dias no conforto da minha cama enquanto os verdadeiros fãs (também apelidados de malucos) acamparam à porta de lojas desde domingo. Se fossem adolescentes à espera de um concerto do Justin Bieber eram loucas, mas como são adultos à espera de ver uma das melhores bandas de sempre, são heróis. Dir-me-ão que a diferença está na música produzida por cada um. Certo, mas então e aquela história de "os gostos não se discutem"? É possível que ter descrito os U2 como "uma das melhores bandas de sempre" já deixe antever que de facto, para mim, os gostos se discutem. 

Entretanto foi anunciada uma nova data e os bilhetes serão postos à venda na próxima sexta-feira. Quem gosta de acampar, tem aqui um bom petisco. É uma espécie de campismo diferente daquele a que estamos habituados mas também tem aspectos positivos: como é na cidade, a probabilidade de começarmos um incêndio é quase nula até porque não há lugar nenhum onde fazer fogueira. Na Decathlon há tendas a partir de 20€ se estiverem interessados. 

Mas esta é também uma excelente oportunidade para fazer negócio como aguardador. E o que é um aguardador? É uma pessoa que aguarda. A pessoa interessada em comprar o bilhete contacta o aguardador e pede-lhe que vá para a fila de determinada loja aguardar. Chegadas as 10 horas do dia 2 de fevereiro, a pessoa que contratou o aguardador chega à loja e compra o bilhete sem qualquer chatice. Para quem quer fazer carreira nisto não vai ter melhor oportunidade do que esta para se destacar dos demais. Eu, se estivesse à procura de um aguardador, gostaria de ver no seu currículo que aguardou com êxito por um bilhete para os U2. É uma oportunidade única sobretudo para sem-abrigos que estão a facturar sem alterarem a sua rotina diária. Eu não invisto nisto porque já tenho compromissos na próxima semana.

Auto-entrevista

janeiro 24, 2018
Jessica Mendes é, actualmente, uma das melhores bloggers deste país mas ainda ninguém o descobriu. Amante do Benfica, consumidora assídua de séries e fã da Eurovisão, a jovem, que hoje completa 25 anos mas continua a ser confundida com miúdas de 16, junta-se a mim para uma auto-entrevista de 25 questões (cuja ideia base não é de maneira nenhuma copiada) que promete ser bastante interessante.

Antes de mais, obrigada por ter aceitado o meu convite Jessica. Comecemos por uma pergunta básica: como é que se define?

De nada Jessica, é um prazer e deixe-me desde já congratulá-la pelo uso correcto do particípio passado do verbo aceitar neste caso específico. Respondendo à sua questão: sou uma pessoa, apesar de às vezes haver quem duvide disso, com pouco mais de metro e meio, cabelo quase preto que uns dias é mais ondulado que outros e com uma doença prolongada chamada ser do Benfica.

Qual a sua maior qualidade?

Ser pontual.

E o seu maior defeito?

Ser pontual.

Já aprendeu a não chegar às horas marcadas quando combina qualquer coisa com amigos que chegam sempre atrasados?

Seria de esperar que sim, mas a verdade é que não consigo. Penso sempre "é desta que ele/a vai chegar a tempo" e apresso-me para sair de casa. A meio do caminho perco a esperança e começo a tirar o pé do acelerador. Consigo chegar ligeiramente atrasada mas ainda tenho de ficar à espera.

Qual a pergunta mais estúpida que já lhe fizeram?

Várias, mas a mais recorrente é "só tem dois nomes?" quando me pedem o nome completo para qualquer coisa. Talvez eu tenha cara de estúpida mas sei perfeitamente o que quer dizer "nome completo" e, se respondo apenas Jessica Mendes, é porque esse é o meu nome completo. Parece ridículo, eu sei, mas em quantos países é que as pessoas têm quatro nomes como cá?

Por falar no seu nome, gostaria de saber porque é que o escreve sem acento.

Excelente questão Jessica, curiosamente é uma das que ninguém me faz. É uma história (nada) engraçada. Quando eu nasci os meus pais ainda não tinham escolhido o meu nome e Jessica não era propriamente comum na altura. Quando me foram registar, quem quer que tenha escrito o nome na cédula de nascimento esqueceu-se do acento, o que fez com que eu tenha aprendido a escrever o meu nome assim. Quando fiz o primeiro BI reparei que, de facto, estava lá um acento mas nem liguei e continuei a escrever o meu nome como sempre. É um bocado como o acordo ortográfico: uma pessoa começa por resmungar mas depois habitua-se e desiste de dizer aos outros qual a forma correcta.

Ainda bem que falou no acordo ortográfico. Noto que não é algo que adopte frequentemente.

Não. Sempre que posso escrevo os "cês" todos, ainda que os ache inúteis. Há certas ocasiões em que não tenho outra opção e, como o word corrige automaticamente tudo, acabo por aceitar exceptuando caso estúpidos como "pára". Mas isto é mais teimosia que outra coisa porque realmente as letras retiradas, na maioria dos casos, não acrescentam nada à palavra. 

Passemos a um conjunto de perguntas mais pessoais, para a conhecermos melhor. O que é que faz de si única?

Não gosto de café. Só aqui já me insiro num pequeno grupo mas ainda junto a isto o facto de também não gostar de cerveja, pizza ou qualquer coisa que se venda no McDonald's à excepção dos gelados e das batatas.

Qual foi a melhor compra que já fez?

Um pack de 24 bolas de natal douradas por 0.75€.

Qual é a coisa mais incrível que consegue fazer?

A parte do Angélico na música "Para Mim Tanto Me Faz".

Por falar em música, a Jessica diz constantemente mal da Eurovisão. Porque é que continua a ver?

Excelente questão, Jessica. Curiosamente faço-a bastantes vezes a mim mesma e ainda não encontrei uma resposta.

Ainda dentro da temática musical, quais as estações de rádio que tem sintonizadas no carro?

A Renascença (porque às vezes lá calha ter de ouvir o relato da bola), a Comercial (não sei bem porquê), a M80, a 94 e a RCM (que são rádios locais de qualidade duvidosa) e a Antena 2 porque de vez em quando também sabe bem ouvir música.

Diz-se uma má condutora. Como é que nunca teve um acidente ou recebeu uma multa?

Receber uma multa é uma formulação que dá a sensação de uma multa ser uma prenda. A verdade é que não sei a resposta para nenhuma das duas.


O que é que mais a irrita?

Essencialmente pessoas, mas não descarto as irritações provocadas por outros seres vivos e inanimados.

Pode dar um exemplo específico?

Claro. Aquelas pessoas que se referem a sapatilhas como ténis ignorando o facto de ténis ser um desporto.

Qual das estações de Fátima fica mais próxima de Fátima?

Finalmente há alguém que me questiona sobre isto. De facto há duas estações da CP com Fátima no nome: uma em Chão de Maçãs e uma em Caxarias. Nenhuma delas é próxima de Fátima. A primeira que referi nem sequer fica no mesmo concelho. Segundo o google maps, a de Chão de Maçãs fica a 28.6km do santuário de Fátima e a de Caxarias fica a 24km. Até eu vivo mais perto.

Que conselhos dá a quem está a começar agora um blogue?

Quero acreditar que ninguém que queira começar um blogue está a ler isto, a menos que procure o que não fazer. Dito isto, se tivesse conselhos desse género não teria este blogue.

O que é que levava para uma ilha deserta?

Um barco.

Arrepende-se de alguma decisão que tomou?

Não estou a contabilizar, mas de quase todas.  

Se fosse uma celebridade, acha que alguém dava o seu nome como resposta à pergunta "com que celebridade gostaria de jantar?"

Acredito que não. Já jantei várias vezes comigo própria e sei que é desagradável.

E você? Com que celebridade gostaria de jantar?

A maioria das pessoas dirá que eu não gosto de ninguém mas tal afirmação está longe de ser verdade. De facto não sou fã de muita gente, mas há meia dúzia de pessoas que serviriam de resposta para esta pergunta. Sendo assim deixava que alguém se encarregasse disso e eu escolhia só o sítio do jantar para não acabar num daqueles restaurantes onde os olhos comem e o estômago fica com fome.

Reparei que ocasionalmente escreve sobre política sem abordar nada a fundo. É apoiante de algum partido político? 

Não, nem é um tema de que perceba. Ideologicamente identifico-me mais com a esquerda mas não com um partido em específico. Não consigo sequer conceber a ideia de alguém apoiar um partido como se apoia um clube de futebol, por exemplo. Pode não parecer mas eu tenho plena noção de que a política é muito mais importante que o futebol. É certo que o Benfica me deixa triste ou contente mas não cria empregos nem faz o poder de compra dos portugueses subir. Eu aceito as falhas do Benfica mas não consigo aceitar as falhas no programa de um partido. Ter o Varela na baliza do Benfica e o André Almeida na direita dá-me cabo do sistema nervoso mas ter uma medida num programa político que se equipara ao Varela ou ao André Almeida é bastante pior. Como ainda está para ser criado o partido perfeito, vou manter-me neutra nisto da política e vou votando no que me parece menos mau.

O feminismo é um dos temas mais discutidos na actualidade. Considera-se uma feminista?

Hoje em dia penso que não. O meu feminismo passa por querer que as mulheres recebam o mesmo que os homens se desenvolvem o mesmo trabalho, passa por ver as mulheres com as mesmas oportunidades que os homens quando se trata de liderar um empresa ou por não ser olhada de lado de cada vez que faço uma piada (porque isso parece estar reservado apenas para os homens). Em suma, gostava que os homens e as mulheres fossem tratados como humanos. Não me interessa ter um cartão de cidadania, um tribunal europeu dos direitos da mulher ou que todas as pessoas sejam obrigadas a começar um discurso com "boa tarde a todos e a todas" e estas parecem-me ser as lutas feministas de hoje em dia. Acho que vivemos uma fase de feminismo excessivo em que as mulheres já não querem a igualdade mas sim a superioridade e isso não me interessa.

Não quero que entre num modo sério por isso parece-me o momento certo para esta pergunta: o que é que pode faltar na sua festa de aniversário?

Aqueles balões da moda com os números da idade. Não só pode faltar, como deve. Agora deixe-me só esclarecer que eu estou sempre em modo sério. Nada do que se escreve neste blogue é escrito "a brincar" apesar de as temáticas poderem indicar isso mesmo.

Gostava de ter 25 anos para sempre?

A pergunta está mal formulada e interessa portanto esmiuçá-la para que possa responder com conhecimento total de causa. "Para sempre" significa "até ao fim dos tempos" ou "até ao fim da minha vida"? Ficar com a mesma idade implica também ficar com o corpo neste estado ou poderia ter 25 anos mas um corpo de 70? 

O que é que dizem os seus olhos?

Tento ao máximo que, num sentido literal, não digam nada. Num sentido figurado também tento mas há ocasiões (muito más ou muito boas) em que até eu deixo escapar uma lágrima. Ainda assim creio que a minha reputação de insensível está intacta.

Muito obrigada pela entrevista. É sempre um prazer falar consigo.

Ora essa, eu é que agradeço. Fez perguntas muito interessantes. Espero que não se note que isto é uma junção de restos de ideias que não iam a lado nenhum.

Missão impossível 6: as calças

roupa janeiro 16, 2018
Há uns dias exprimi no twitter a minha revolta para com as calças da moda. Julgava estar sozinha no mundo até esse momento. Ao que parece este é um problema que afecta uma parte significativa da população (ou talvez eu esteja a hiperbolizar a questão). 

No domingo fui ao shopping com o único objectivo de comprar umas calças de ganga escuras. Estando em altura de saldos, achava que o meu maior problema seria encontrar o meu tamanho. Estava enganada. Havia o meu tamanho! O que não havia era calças normais. Vai sair um novo filme da saga Missão Impossível e, se o Tom Cruise quisesse realmente fazer jus ao nome do filme, tinha vindo comigo.

Entrei em sete lojas diferentes e não encontrei o que queria. Não sei se se lembram mas há uns tempos havia as chamadas calças de ganga elástica, hoje em dia há calças de elástico que aparenta ser ganga. Experimentei umas dessas porque, segundo consta, "é o que as pessoas usam hoje em dia, é muito confortável". Não é. Aquilo é tão apertado que se eu as usasse durante um dia chegava à noite com os pés roxos porque o sangue não conseguia passar das coxas para baixo.

Mais: quando é que passou a ser aceitável produzirem-se calças de ganga sem bolsos? Pensava que era uma parte indispensável. E para quê as pérolas e os bordados? Isso usava-se quando eu era criança e já na altura era feio. Outra coisa que me incomoda (e notem que vou ignorar a estupidez que são os rasgões) são as bainhas, não só porque a maioria são demasiado curtas para pessoas mais altas que eu, mas sobretudo porque a moda agora é não ter bainhas. Pagamos o mesmo por uma peça que nem sequer está acabada. 

 

Eu, que tenho uma certa aversão em passar mais de cinco minutos dentro de uma loja a ouvir música foleira mais alto do que desejaria, acabei por ser derrotada pelas imposições da moda de hoje em dia e trouxe umas calças sem bainha sabendo que me ficam grandes e portanto vão ser acabadas pós-compra. Mas, em jeito de pedido, deixo aqui um apelo para que esta brincadeira acabe e se façam calças que não sejam adaptações de leggings e que não impliquem rasgões, bordados ou quinquilharias espalhadas pela ganga. Já agora acabem também com essa estupidez do pêlo.

10 situações que só acontecem nos filmes

filmes janeiro 13, 2018

Não sendo eu grande amante de cinema, sempre que vejo um filme dedico-me a procurar falhas mínimas para tentar não adormecer ao fim de 10 minutos. Ao longo do tempo tenho reunido um bom lote de acções que fazem com que até os filmes baseados em histórias verídicas sejam puras obras de ficção uma vez que, na vida real, há certas coisas que nenhum de nós faz e que nunca acontecem, senão vejamos...

1. Nunca há duas personagens com o mesmo nome

Parece impossível quando, só em Portugal, há centenas de homens chamados João. Eu não tenho muitos amigos (e é compreensível o porquê de isso acontecer) mas ainda assim consigo ter duas amigas chamadas Andreia e duas chamadas Sara. Falta de imaginação.

2. Os carros têm bateria infinita

Não sei já vos aconteceu esquecerem-se de desligar as luzes do carro. Passadas umas horas ele acaba por ficar sem bateria. Em Hollywood as coisas funcionam de forma diferente: sempre que alguém (geralmente a perseguir um assassino e com um carro que faz bastante barulho para ele perceber que o seu perseguidor chegou) chega a algum lado, sai do carro e deixas as luzes ligadas que assim até ajudar a iluminar o caminho e, demore o tempo que demorar, quando regressa o carro está impecável.

3. Nunca se fecham os carros

Decorrente de ponto anterior temos este. Os EUA até podem ter uma taxa enorme de criminalidade mas é preciso confiar nas pessoas. A minha memória não é lá grande coisa, mas nunca me lembro de ver uma chave de um carro num filme. Chega-se, fecha-se a porta e 'tá a andar. Também gostava de fazer isso, mas tenho o péssimo hábito de não confiar nas pessoas.

4. Toda a gente pratica artes marciais

Baixo, alto, magro, gordo, homem ou mulher. Não importa porque toda a gente luta de forma exímia. Eu aprendi judo nas aulas de educação física. Tive 14 no final do 12.º ano. Foi a minha nota mais baixa a par de geografia e deu-me cabo da média. Isto é um facto, à partida irrelevante, mas de uma extrema relevância caso eu fosse actriz porque me excluía à partida de todos os filmes que incluíssem uma cena de pancada. *ó Jessica mas quem faz essas cenas são os duplos* sim, e então? Partindo desse princípio em que outro contexto é que eu ia falar nas minhas notas do 12.º ano?

5. As pastas de dentes têm uma fórmula diferente

Ou então sou eu que não sei lavar os dentes. Não sei se vos acontece o mesmo mas eu fico com uma espuma na boca e à volta que às vezes acaba também na roupa. Eles não têm espuma e nem precisam de água, o que acaba por fazer algum sentido porque se pagaram pelo produto deviam saboreá-lo. Já me debrucei a este assunto aqui.

6. Há esperança depois de alguém levar um tiro na cabeça

Tudo bem que num filme é possível sobreviver a qualquer coisa, mas quando uma pessoa levou com 13 tiros e 24 facadas não é preciso ir lá ver se o coração está a bater porque a resposta é óbvia. 

7. Há uma escola para formar ladrões

Sou da opinião que um ladrão (daqueles que não estão sentados na assembleia da república ao quente) também precisa de formação e nos EUA parece haver uma das melhores escolas para tal. Toda a gente consegue abrir portas com ganchos do cabelo ou cartões. E toda a gente tem sempre um gancho ou um cartão pronto a utilizar. Isto não só torna o roubo mais silencioso como é um descanso para os assaltados que poupam no arranjo da porta.  

8. Há sempre bar aberto

Ir a um bar e pagar a sua bebida? Isso são manias europeias. Em Hollywood as pessoas quase são pagas para beberem. Depois admiram-se de haver tantos alcoólicos. 

9. A electricidade é barata

Enquanto a nossa factura da electricidade não pára de crescer, nos EUA não pára de descer. Cá em casa temos por hábito reclamar com quem se esquece de apagar luzes mas nos filmes é ao contrário: as pessoas vão-se deitar e deixam candeeiros acesos. Eu nunca vi nenhuma casa com tantos candeeiros como as dos filmes, inclusive, os poucos que tenho nunca são acesos.

10. É possível aguentar horas debaixo de água

Já fizeram aquele exercício de ver se aguentam tanto tempo sem respirar como uma personagem que está debaixo de água? Se já, devem ter reparado que, depois de vocês desistirem, ela ainda aguenta mais uns minutos. Não há uma explicação científica para isto mas eu acredito que os actores que desempenham estes papéis são sereias (qual é o masculino de sereia?) e as pernas que vocês vêem são manipulação.

P.S. Na procura de imagens para ilustrar este texto deparei-me com vídeos que ensinam a abrir portas com cartões. O meu cartão de estudante expirou no final do ano portanto talvez dê uma oportunidade a esta carreira.