Expressões parvas usadas pelos portugueses

março 22, 2017

A língua portuguesa é rica em figuras de estilo e a metáfora é uma das mais utilizadas sobretudo em expressões do nosso dia-a-dia. Qualquer estrangeiro que nos oiça a dizer uma das 10 frases que se seguem fica a olhar para nós como se fossemos as pessoas mais estranhas. Porquê? Porque, de facto, a grande maioria delas são parvas e não têm nada a ver com o seu significado.

Passar pelas brasas

Porque dizer a alguém que essa pessoa acabou de dormir uma sesta é demasiado mainstream, diz-se que a pessoa acabou de passar por brasas. Ou seja, em vez de nos referir-mos a dormir, falamos de brasas. Porque é que não dizemos então "passar pelos fósforos" ou "passar pela lenha"?

Valer a pena

O meu pai costumava responder tantas vezes à expressão "não vale a pena" com um "vale a galinha" que eu acabei por ganhar essa mania e digo-vos que é extremamente irritante. Mas de facto qual é a lógica de dizer que algo vale ou não a pena em vez do esforço? Não iria dar ao mesmo dizer esforço em vez de pena? Claro que sim, mas os portugueses acham que não vale a pena (nem a galinha) falar como pessoas normais.

Muitos anos a virar frangos

"Como é que fazes isso tão bem?" "Olha, são muitos anos a virar frangos". Felizmente os meus talentos são pouco mais que nenhuns e, por isso mesmo, ninguém me pergunta como é que eu sei fazer o que quer que seja. Evitam-me o trabalho de usar esta expressão ridícula.

Bater as botas

Não, a sério, alguém pensou que bater botas não tem absolutamente nada a ver com morrer? Quem é que inventou isto? E quem é que achou esta metáfora tão genial ao ponto de a usar?

Apanhar ar

As pessoas dizem constantemente (principalmente nos filmes porque na vida real ninguém usa esta expressão) que precisam de apanhar ar e, no entanto, eu nunca vejo ninguém realmente a apanhar ar. Não sei se é mais estúpido alguém dizer que precisa de apanhar ar ou dizê-lo e não o ir apanhar. Esta expressão só faz sentido para aquela pessoa que decidiu fazer da venda de ar de Fátima um negócio.

Ter lata

Mas lata de quê? De tinta? De sumo? Ou uma daquelas que dão com as fitas de finalista na faculdade? Expressão demasiado genérica, há muitas latas no mundo.

Barriga a dar horas

Da mesma forma que a palavra saudade só existe em Portugal, as barrigas que dão horas também. É uma pena que a minha não seja dessas porque me poupava muitas idas ao telemóvel ver que horas são. Por outro lado o meu telemóvel serve para pouco mais que isso portanto talvez seja bom a minha barriga não dar horas.

Chorar sobre leite derramado

Já entornei muito leite na minha vida (sobretudo quando estou a abrir os pacotes) e isso nunca me fez chorar. Claro que toda a gente me chama insensível e portanto não sou o melhor exemplo. Digam-me, já choraram por leite derramado?

Procurar uma agulha num palheiro

Será que houve mesmo alguém a procurar uma agulha num palheiro? Será que alguém perdeu uma agulha num palheiro? Ou será que alguém escondeu uma agulha num palheiro? Não era mais simples comprar uma agulha nova? O que é que alguém foi fazer com uma agulha para um palheiro? A quantidade de perguntas geradas por esta expressão são imensas.

Sentir dor de cotovelo

Sim, porque quando se sente inveja de alguém começa-nos claramente a doer o cotovelo. A mim o cotovelo só me dói se bater em alguma coisa, e acreditem que eu sinto inveja. Ainda há dias a senti quando vi que alguém tinha ganho o Euromilhões.

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